O exemplo norte-americano, com a eleição do Trump,
mostra que, mais do que migrarem para a direita, os trabalhadores estão sendo
induzidos ao alheamento político.
Reginaldo Moraes
Muita coisa se diz, mundo afora, sobre a migração da classe trabalhadora
para os partidos e candidatos da direita. Isso teria acontecido na Europa, nas
últimas duas décadas. Repetir-se-ia agora, na eleição norte-americana: o Tea
Party e Donald Trump teriam seduzido a “white working class”, arrancando-a da
tutela política do Partido Democrata. Muita confusão reina em todas essas
interpretações. Mas vamos nos concentrar no caso americano.
Faz algum tempo, uma pesquisa encomendada pelo NY Times mostrou a
composição fortemente classe média (e nada baixa) do Tea Party. Mas, com Trump,
podemos ser mais detalhados, desagregando resultados das urnas.
Antes de mais nada, vale lembrar que, na supostamente épica eleição de
2008, Obama ganhou somando quase 70 milhões de votos, contra 60 milhões de seu
opositor, McCain. Já naquela ocasião, vários analistas chamaram a atenção para
esse elo menos forte da coalizão democrata, o segmento trabalhista branco. Os
democratas perdiam, como antes, no sul, em que se precisa considerar o ruído
local, produzido por uma orquestra direitista bem organizada e bem azeitada.
Mas, agora, os “azuis” também balançam nos tradicionais redutos do meio-oeste e
do nordeste, o vibrante Manufacture Belt que, em tempos recentes, se tornou o
melancólico Rust Belt, o cinturão da ferrugem, da sucata.
(...)
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acesse http://brasildebate.com.br/a-classe-trabalhadora-virou-a-vanguarda-do-atraso/
Reginaldo Moraes – Cientista Político, Professor da Unicamp – 19.03.2017.
IN Brasil Debate.