Com
nome da ave de rapina dos Andes, a operação clandestina que uniu ditaduras
militares do Cone Sul para perseguir, capturar e até eliminar dissidentes
políticos além das fronteiras foi criada pelo Brasil. Conheça em detalhes a
ação que deflagrou a rede ilegal de colaboração – o sequestro do coronel
Jefferson Cardim de Alencar Osório em Buenos Aires e sua volta forçada para o
Rio de Janeiro.
Wagner William
A Operação Condor foi criada no Brasil. Uma
colaboração clandestina entre os países do Cone Sul, sem reconhecimento de
soberanias diplomáticas e ignorando leis, documentos, fronteiras e pedidos
oficiais; levada a cabo para capturar e destruir, com violência, fugitivos
políticos ou exilados. Desde o início o Brasil agiu como ator principal.
O macabro sucesso das primeiras atividades dessa colaboração entre os
governos tornou a operação mais sofisticada. Formou-se uma rede tentacular de
práticas ilegais e subversivas, grupos paramilitares e clandestinos que
abusavam do poder, praticando crimes, sequestros, torturas, prisões,
assassinatos e terrorismo oficial de Estado.
Em novembro de 1975, na Academia de Guerra do Exército em Santiago do
Chile, realizou-se uma reunião que contou com representantes da Argentina,
Bolívia, Paraguai, Uruguai e do próprio Chile. O Brasil estava lá, mas seus
dois representantes receberam ordens de se colocarem apenas como observadores.
Eram eles os agentes do Centro de Informações do Exército Flávio de Marco e
Thaumaturgo Sotero Vaz. Ali, a Operação Condor ganhou nome, certidão de
nascimento, pais e padrinhos. Existem, no entanto, provas de que essa
integração entre os governos – ou seus subterrâneos, que se preparavam para
assumir o comando por meio de golpes – já acontecia cinco anos antes da famosa
reunião.
Uma dessas provas foi trazida a público pelo presidente do Movimento de
Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke: o Informe 338, de 19 de dezembro de
1970, do Adido do Exército à Embaixada do Brasil na Argentina, protocolado na
Agência Central do Serviço Nacional de Informações com o número 001061, em 20
de janeiro de 1971. Esse documento relata o sequestro, em Buenos Aires, de um
dos militares brasileiros mais odiados pela velha guarda da ditadura: o coronel
Jefferson Cardim de Alencar Osório. Mostra também como foi montado todo o
esquema para trazê-lo de volta ao Brasil.
A possibilidade de que a prisão do coronel Jefferson Cardim fosse, de
fato, o início da operação já havia sido levantada pelos jornalistas Darío
Pignott, do jornal argentino Página 12, que localizou o Informe
338; e Roger Rodríguez, da revista uruguaia Caras y Caretas.
Brasileiros teve acesso aos diários do coronel e traz agora os detalhes,
atores, diálogos e segredos do primeiro ato da Operação Condor.
(.,.)
Para continuar a leitura, acesse http://www.revistabrasileiros.com.br/2012/12/19/o-primeiro-voo-do-condor/
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Wagner William – 19.12.2012
Artigo
vencedor do Prêmio Vladimir Herzog de direitos humanos em 2013.
IN Revista Brasileiros.
IN Revista Brasileiros.