O governo Temer poderá, em pouco tempo, colocar em prática um
conjunto de reformas que significará uma revisão do papel do Estado brasileiro,
que, em lugar de combater desigualdades, prestar serviços públicos de qualidade
e formular políticas públicas de interesse social, se voltará para garantir o
direito de propriedade, assegurar o cumprimento de acordos e honrar os
compromissos com os credores das dívidas interna e externa.
Antônio Augusto de Queiroz
Qualquer balanço que se faça do governo de Michel Temer, efetivado na
titularidade da Presidência da República após um tumultuado e suspeito processo
de impeachment, há de considerar que esse episódio não significou apenas uma
troca de comando do Poder Executivo Federal, mas uma mudança de paradigma na
relação com o mercado e com a sociedade.
Trata-se de um governo precário, com grande rejeição popular e sério
déficit de legitimidade, além de investigado pela Lava Jato, porém eficaz, como
demonstraremos, na aplicação da agenda que o fez presidente da República: a
retomada da pauta neoliberal do Consenso de Washington, que esteve suspensa no
Brasil nos treze anos de governos do Partido dos Trabalhadores (PT).
O ressurgimento do receituário de Estado mínimo no Brasil, em plena
decadência no resto do mundo, foi veiculado no documento “Ponte para o futuro”
e representa a apropriação da agenda governamental pelo mercado. Sua execução
foi a condição imposta pelo establishment ao então vice-presidente
Temer não apenas para apoiar o processo de impeachment da presidenta Dilma
Rousseff, mas também como condição para manter/sustentar o novo governo.
(...)
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a leitura, acesse
http://diplomatique.org.br/o-desmonte-do-estado-de-protecao-social/
Antônio Augusto de Queiroz – Jornalista, analista político e
diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(Diap) – 16.05.2017.
IN Le Monde Diplomatique Brasil, ed. 117.