Dentro da nova ofensiva capitalista, a precarização do emprego é um
capítulo marcante: afeta economicamente os trabalhadores e embute na ‘vítima’ a
responsabilidade por seu eventual fracasso.
(...)
É uma ofensiva de classe. Parece velho, mas é atual: capital versus
trabalho. É disso que se trata. Os capitalistas sabem disso, por isso querem
que nós não saibamos. Devemos chamar tudo isso de “modernização”.
Reginaldo Moraes
O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, visitou o Brasil e Temer não perdeu
a oportunidade de exibir suas perversões. Disse que as suas “reformas” eram
inspiradas naquelas que Rajoy implantara na Espanha. Não podia ser mais claro.
Ter o líder do PP como espelho é algo digno de um tolo.
Rajoy chegou ao governo nas eleições de novembro de 2011 e o único
crescimento que administra é o da corrupção em seu partido. Desde essa época,
rigorosamente, nenhum emprego fixo novo se criou na Espanha. Sim, houve alguma
“reposição”dos empregos fixos antes existentes, mas os empregos novos, criados
de janeiro de 2012 até hoje, foram sempre empregos temporários, instáveis,
precários e sem direitos. Simples assim, como mostra a estatística oficial
espanhola. Chocantemente simples.
Bom, parece que é esse o modelito que Temer quer vestir na nova estação.
Mas o modelo não para por aí. Vai além da qualidade do emprego e transborda nas
consequências indiretas mas muito sérias desses contratos temporários. O
cientista político Jacob Hacker escreveu algo interessante a respeito desse
desenho de sociedade. O estudo de Hacker focaliza os Estados Unidos, mas sugere
muita coisa sobre o Brasil.
(...)
Reginaldo Moraes – Cientista Político, membro do INCT-INEU e Professor da Unicamp – 02.05.2017.
IN Brasil Debate.