sexta-feira, 23 de junho de 2017

A hora das diretas


Respeitar a Constituição não significa a impossibilidade absoluta de muda-la. A Cidadã foi emendada 95 vezes. Algumas das mudanças foram ruins, como a PEC dos gastos, mas nada impede que desta vez possamos acertar. Ampliar a participação dos cidadãos é o melhor meio de sair da crise. Se não for o único.

André Singer
Uma semana após a gravação entre Michel Temer e Joesley Batista ter se tornado pública, os fatos, pouco claros em um primeiro momento, começam a apontar na direção de que o presidente deva ser impedido. Embora o áudio não tenha apresentado o que se anunciava nas notícias divulgadas, em primeira mão, pelo maior grupo comunicacional do país, o que ele revela é, provavelmente, suficiente para que o prócer peemedebista sofra impeachment.
Comprovadas, por exemplo, as denúncias da OAB —encontro às escondidas com empresário processado, promessa de ajudá-lo em pleitos relativos à Fazenda, anuência a relato de obstrução da Justiça, indicação de assessor de confiança para contatos permanentes— haveria crime de responsabilidade. Até aqui os pronunciamentos e entrevistas presidenciais, no exercício pleno do direito de defesa perante a opinião pública, não conseguiram desfazer as suspeitas. Em alguns itens, ao contrário, funcionaram como confissão espontânea.
Em caso de vacância da Presidência e da vice nos últimos dois anos de mandato, como se sabe, a regra constitucional prevê a eleição pelo Congresso, destinada a completar o tempo dos que foram eleitos em 2014. Trata-se de cláusula pouco democrática em uma Carta, de modo geral, avançada.
(...)

Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/colunas/andresinger/2017/05/1887908-a-hora-das-diretas.shtml

 









André Singer – Cientista Político, Professor da USP -
IN Folha de S. Paulo.