Em um ano, conseguiram impor este nível inédito de regressão social
e democrática. Historicamente botaram a perder os três grandes pactos sociais
do último século: o pacto lulista, com seus programas sociais; o pacto da
Constituição de 1988, com a soberania do voto e a garantia de serviços públicos
universais; e o pacto varguista, com sua legislação trabalhista e
previdenciária. Se ficarem mais um ano e meio, esta turma destrói o Brasil. Os
próximos pactos a serem atacados, sabe-se lá, podem ser a lei Áurea ou a
Independência.
Guilherme Boulos
Na última semana completou-se um ano da consumação do golpe parlamentar
no Brasil. Foi tempo suficiente para as máscaras caírem. Eduardo Cunha,
o comandante da operação, está preso há mais de seis meses em Curitiba. Uma
leva de ministros caiu por denúncias de corrupção, a começar por Jucá, o homem que foi
gravado explicando o passo a passo das transações que levaram Temer
ao poder. Outros oito estão sendo investigados. Temer, que não é réu apenas pela
prerrogativa constitucional, amarga uma aprovação inferior a 10%.
Mas um ano foi também tempo suficiente para o golpe mostrar a que veio. O
que está em jogo é a aplicação de um programa que não foi eleito pelo povo
brasileiro. Mais ainda, que jamais o seria. A única forma de uma agenda
regressiva como a de Temer chegar ao poder seria burlando o voto popular. Ela
não cabe na democracia. A sustentação do governo não está no voto nem no apoio
popular, mas na garantia dos interesses da banca e do grande empresariado.
Ele precisa entregar o pacote. E tem que ser rápido. Foi a isso que o
País assistiu no último ano. Pressionado por seus
fiadores no mercado e sem nada a perder em relação à opinião
pública, Temer promoveu uma incrível inversão do lema de Juscelino Kubitschek:
o "avançar 50 anos em 5" foi substituído pelo "regredir 100 anos
em 1".
É um período especialmente trágico da história nacional. Vejamos então,
num resumido balanço, 12 dos principais retrocessos dos últimos 12 meses.
(...)
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Guilherme Boulos – 15.05.2017.
In Carta Capital.