O trabalho precarizado deve comprometer a arrecadação
previdenciária, justamente quando o governo propõe uma draconiana reforma do
setor.
Eduardo Fagnani
Quando a barca neoliberal aporta
em terras brasileiras, o trabalhador é convertido em uma espécie de Geni, alvo
das pedradas retóricas de quem enxerga o custo da mão de obra como um obstáculo
ao crescimento econômico. Ao defender a imposição de uma idade mínima para a
aposentadoria, objetivo malogrado durante seu governo, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso chamou de “vagabundos” aqueles que se aposentavam mais
cedo.
Novos atores, velho discurso. Primeiro relator da reforma da Previdência
na Câmara, o deputado Alceu Moreira, do PMDB, reeditou FHC ao afirmar, em
dezembro passado, que o “tempo da vagabundização acabou”.
Confrontada com a reforma trabalhista pretendida
pelo governo de Michel Temer, a acusação mostra-se falaciosa. Além de aprovar a
terceirização irrestrita, que precariza ainda mais as relações de trabalho no
Brasil, o governo pretende flexibilizar as negociações coletivas de modo a
permitir jornadas de até 14 horas
por dia, sem pagamento de horas extras. Ao esgotar a força de
trabalho até o limite de suas capacidades, o governo parece querer substituir
supostos vagabundos por escravos modernos.
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Eduardo Fagnani – Economista, Professor da Unicamp – .
In Carta Capital.