Para
especialista, o sistema eleitoral proposto pelo PMDB, usado em países como o
Afeganistão, aprofunda problemas atuais do Brasil.
Renan Truffi
Principal bandeira do PMDB para a reforma política, o sistema eleitoral
conhecido como distritão ganhou força há algumas semanas por ter apoio do
[então] vice-presidente Michel Temer e do [então] presidente da Câmara Eduardo
Cunha (PMDB/RJ). De acordo com a proposta, a escolha dos deputados federais e
estaduais seria feita da mesma forma como hoje ocorrem as eleições para o
Executivo, por meio de escolha majoritária: os mais votados ganham. Apesar de
ter regras simples, o formato não é muito popular no mundo. Um dos poucos
países que adotou o sistema é o Afeganistão, que ainda não tem partidos
organizados após um ano de ocupação.
Em entrevista à Carta Capital, Yuri Kasahara, doutor em Ciência Política
no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e
pesquisador-sênior do Norwegian Institute for Urban and Regional Research,
explica como funciona na prática esse formato eleitoral em comparação com o
atual modelo. Para ele, o distritãqo enfraquece os partidos e aprofunda os
problemas do sistema político brasileiro: “É um sistema que favorece a
peemedebização dos outros partidos, afirma”.
(...)
Para continuar a leitura, acesse
https://www.cartacapital.com.br/politica/201co-distritao-nao-existe-em-nenhuma-democracia-consolidada201d-9937.html
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Renan Truffi – 05.05.2015.
Yuri Kasahara – Doutor em Ciência Política no IUPERJ.
IN Carta Capital.
Simples, ruim e irresponsável
Não há
sistema eleitoral perfeito. Sempre há prós e contras. Simplesmente dizer que o
sistema atual gera esta ou aquela distorção não é suficiente. Sobretudo sem se
levar em conta as distorções que resultarão do sistema proposto. Só pesando as
distorções do atual e o do proposto é que se poderia responder a pergunta: vale
a mudança? No caso, não vale.
O Distritão é o ponto culminante do discurso irresponsável em favor da mudança, de que a 'reforma', qualquer reforma, seria urgente e necessária.
(...)
A essência da democracia moderna é a competição eleitoral e esta, logicamente, só pode ocorrer se os eleitores Têm opções, quando o número de candidaturas excede o de vagas. Limitar candidaturas é restringir a competição, é fomentar cartéis.
Fernando Limongi
A reforma eleitoral começou a ser votada. A grande invenção de Michel
Temer, o distritão, foi aprovado pela Comissão Especial da Reforma Política.
Difícil pensar em algo pior. O sistema pregado pelo presidente é primário. O
seu resultado prático é previsível: aumentar as taxas de reeleição, bloqueando
a possibilidade de renovação da Câmara.
Em sistemas majoritários, como o distritão, potenciais candidatos sabem que o sarrafo é alto, que há grandes chances de que não obtenham os votos necessários para se eleger. Temendo morrer na praia, a maior parte retira o time de campo. Só sai candidato quem parte de um patamar expressivo de votos, o que os deputados em exercício sabem ter.
Do ponto de vista do eleitor, o resultado é a desconsideração completa das preferências da maioria dos votantes. Se você votar em alguém que não se elege, seu voto é simplesmente jogado no lixo. Pelos cálculos de Jairo Nicolau, se o distritão tivesse sido aprovado na reforma Cunha, este seria o destino de um terço dos votos na eleição de 2014.
Em sistemas majoritários, como o distritão, potenciais candidatos sabem que o sarrafo é alto, que há grandes chances de que não obtenham os votos necessários para se eleger. Temendo morrer na praia, a maior parte retira o time de campo. Só sai candidato quem parte de um patamar expressivo de votos, o que os deputados em exercício sabem ter.
Do ponto de vista do eleitor, o resultado é a desconsideração completa das preferências da maioria dos votantes. Se você votar em alguém que não se elege, seu voto é simplesmente jogado no lixo. Pelos cálculos de Jairo Nicolau, se o distritão tivesse sido aprovado na reforma Cunha, este seria o destino de um terço dos votos na eleição de 2014.
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Para continuar a leitura, acesse http://www.valor.com.br/politica/5078450/simples-ruim-e-irresponsavel