Acima de tudo isso, o caso pode ganhar clareza com uma só pergunta. Se a
OAS comprava, e pagava com o apartamento, a intervenção de Lula para obter
contratos na Petrobras, por que precisaria gastar tantos milhões em suborno de
dirigentes da Petrobras, para obter os contratos?
Batalhar com a defesa de Lula é só uma das tarefas, e talvez não a mais
árdua, do trio de magistrados que julgará o recurso de Lula daqui a três
dias. A outra tarefa é batalhar com a sentença do juiz Sergio Moro que condenou Lula a nove anos e meio, no caso
do apartamento de Guarujá. A rigor, estarão em julgamento o réu Lula e a
sentença de Moro, a ser julgada em seus possíveis erros e acertos. E nesse
julgamento paralelo os três juízes federais se deparam com malabarismos
dedutivos, justificativas gelatinosas e vazios que, para serem aceitos,
exigiriam o mesmo do novo julgador.
O próprio julgamento pelo trio é uma atribuição
problemática. A ser obedecida à risca a determinação legal, os casos do
apartamento (julgado agora) e do sítio teriam tramitado e seriam julgados na
região em que se localizam, São Paulo. A alegação artificiosa, por Moro, de que
os dois casos relacionavam-se com as ilegalidades na Petrobras,
levou o então relator Teori Zavascki a autorizar o deslocamento. Nem por isso a
alegação ganhou legitimidade, porque a tal ligação com os fatos na Petrobras
nunca se mostrou. O processo e o julgamento ficaram fora do lugar, e o recurso
entrou no mesmo desvio, até o tribunal em Porto Alegre.
(...)
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Jânio de Freitas – 21.01.2018.
IN Folha de São Paulo.