domingo, 7 de janeiro de 2018

Como as federações empresariais se articularam pelo impeachment




A repórter da Pública checou a atuação de dez federações estaduais pelo afastamento da presendente Dilma; metade delas participou oficialmente dos movimentos pró-impeachment.

Alice Marciel
Empresários de todos os cantos do país desembarcaram em Brasília nos meses de março e abril com uma missão definida: visitar deputados de seus estados e convencê-los a votar pela abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Eles se espalharam discretamente pelos corredores do Congresso em busca de votos, principalmente os dos parlamentares indecisos. E, na avaliação dos representantes dos empresários, o lobby, liderado pelos sindicatos patronais, surtiu efeito.
“Foi uma viagem muito produtiva não só pelos resultados como pela mobilização em si. Fizemos um trabalho de corpo a corpo com os parlamentares paranaenses e chegamos a ir à casa de um deles, que estava indeciso”, relatou Elaine Rodrigues de Paula Reis, diretora do Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado do Paraná (Sinqfar). Ela integrou a comitiva da Fiesp, formada por 50 lideranças empresariais, à capital federal no dia 17 de abril, quando a votação na Câmara abriu caminho para o processo de impeachment. De acordo com o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, pelo menos seis votos foram revertidos “graças à mobilização da população e ao trabalho dos empresários”.
Os sindicatos dos patrões também foram para o front nas ruas. Enquanto a Central Única dos Trabalhadores (CUT) liderava o movimento contrário ao impeachment, os empresários usaram diversos recursos para incentivar as manifestações pela saída de Dilma da Presidência.
A Pública foi atrás dessas histórias para mostrar como o setor empresarial atuou no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, previsto para terminar no próximo dia 30. O levantamento foi feito nas dez principais federações de indústrias do país. As entidades de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Rio de Janeiro declararam apoio formal. No Espírito Santo, apesar de o presidente Marcos Guerra ser favorável ao impeachment, a entidade não se manifestou. A Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) informou que “a grande maioria dos sindicatos presentes na casa apoiou o movimento”, no entanto a instituição não se posicionou. As federações de Minas e da Bahia se mantiveram neutras.

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Alice Marciel – Jornalista – 25.08.2016.
IN A Pública.