Cientista político da UFMG [Bruno W.
Reis] diz que, em sua ambição de "limpar" o sistema político, a
operação erra ao poupar o poder econômico. “Muitos comemoram e pensam que, na
medida em que você tem um sistema político corrupto e os corruptos são presos e
as organizações desmanteladas, o sistema fica limpo. Isso é uma ingenuidade. Em
um país com a estrutura econômica do Brasil, o sistema vai sofrer forte pressão
do sistema econômico. Quanto mais desorganizado estiver, mais precária a sua
posição para resistir a essa pressão”.
Débora Melo
Os métodos utilizados pela Operação Lava Jato desorganizaram o sistema
político de tal maneira que encontram-se deterioradas as condições para um
combate eficaz à corrupção. Esse é o diagnóstico do cientista político Bruno
Pinheiro Wanderley Reis, professor da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
A crise política brasileira, que se arrasta há pelo menos três anos, atingiu
um novo patamar com os grampos e delações premiadas do dono e executivos da
JBS, maior produtora de carne do mundo e uma das maiores doadoras a campanhas
eleitorais do Brasil.
A operação Patmos da Procuradoria Geral da República e da Polícia Federal
tem em seu centro o executivo Joesley Batista, que gravou um encontro com o
presidente Michel Temer e produziu material para tentar provar uma tentativa de
obstrução à Lava Jato por parte do Planalto.
Para o professor Bruno Reis, as autoridades envolvidas no combate à
corrupção são “politicamente ingênuas” ao acreditar em uma limpeza do sistema
que não passe necessariamente por uma reforma eleitoral. “Por definição, o
sistema político opera sob assédio do poder econômico. Nós pegamos um sistema
peculiarmente exposto ao poder econômico e estamos dando porrada, simplesmente
desbaratando o sistema e deixando intocadas as raízes institucionais do
problema”.
(...)
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Débora Melo – 23.05.2017.
Bruno W. Reis – Cientista Político.
IN Carta Capital.