Porque os tucanos estão às voltas com a dificuldade –
típica das forças políticas que representam interesses minoritários – que
consiste em ter de obter apoio popular para bandeiras impopulares. Eles são
obrigados a esconder seus verdadeiros objetivos e a agitar o programa retórico
da ética na política para poder obter um mínimo de aceitação. Não é uma tarefa
fácil convencer a massa da população de que o melhor a se fazer seria abrir mão
do controle nacional sobre a riqueza do pré-sal, reduzir a receita da Petrobrás,
desidratar o Fundo Social da Educação e da Saúde proveniente da exploração do
pré-sal e cortar emprego na construção naval.
Para chegar a esses objetivos
impopulares são obrigados a escondê-los, a dar voltas, animando a cruzada
contra a corrupção.
Armando Boito
As motivações e os objetivos das
campanhas contra a corrupção que nos últimos anos têm sido a bandeira de guerra
do PSDB e da grande imprensa são vários e nenhum deles é nobre. O motivo mais
óbvio é obter o desgaste político e eleitoral dos governos do PT. Mas, a coisa
não para por aí. Para entender melhor tais campanhas é preciso fazer uma
espécie de sociologia política do discurso e da prática das cruzadas contra a
corrupção, tratá-los como um fenômeno ideológico que deforma de maneira
interessada a realidade política – o que não significa que o faça de modo
consciente.
Temos de seguir
algumas pistas e a primeira delas é a seletividade da indignação moral tucana:
nem toda corrupção é denunciada e combatida. Essa seletividade opera com dois
filtros.
(...)
Para continuar a
leitura, acesse http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/geral/armando-boito-quem-e-contra-corrupcao-de-verdade/
Armando Boito – Cientista Político, Professor da
UNICAMP –23.12.2014
IN Escrevinhador,
Portal da Revista Forum.