segunda-feira, 30 de março de 2015

Crescimento do Brasil e da América do Sul: comparando desiguais como iguais


O Brasil cresceu menos que os países pequenos e primário-exportadores da América do Sul, mas, entre 2009 e 2013, cresceu mais que México, Rússia, África do Sul, Canadá, Austrália e os países desenvolvidos. A comparação deve ser feita entre países estruturalmente semelhantes e também levando em conta a capacidade de crescer com equidade, incorporação social e de forma sustentável.

Carlos Pinkusfeld Bastos e Esther Dweck
Na tentativa de criticar o governo brasileiro dos últimos anos, alguns analistas comparam o crescimento do País com o de nossos vizinhos da América do Sul. Entretanto, tentar nos comparar com nossos vizinhos tem servido apenas como tática eleitoral, minimizando os desafios que todos os países grandes e com estrutura produtiva diversificada têm enfrentado na atual fase da economia internacional.
Comparações econômicas internacionais são mais significativas e úteis quando realizadas entre países semelhantes, ou seja, países cujo tamanho, estrutura populacional e produtiva, e de inserção comercial são semelhantes.
Comparações tendo como base proximidade geográfica podem ser traiçoeiras, ou, como diz o velho ditado, pode-se estar comparando laranjas com bananas. Assim, a comparação do Brasil com outros países da América do Sul, apesar de atraente pela localização geográfica, deve ser feita com certo cuidado, para que não acabe criando distorções graves.
Os três gráficos seguintes comparam uma série de países em termos de estrutura produtiva, tamanho populacional e da economia.
O Brasil é a barra vermelha e os demais países da América do Sul são as barras verdes. Notem que nos três gráficos o Brasil está de um lado e os demais de outro.
Um estudioso sem nenhum conhecimento geográfico colocaria entre os pares do Brasil a Austrália, África do Sul, Turquia, Argentina, México e até mesmo o Canadá, mas jamais o Paraguai, Equador, Bolívia, Colômbia ou Chile. Aliás, este último país, que por sua história pós 1973 se tornou uma espécie de ícone dos conservadores, não poderia estar mais distante do Brasil.



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Carlos Pinkusfeld Bastos  - Economista, professor e pesquisador do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ)
Esther Dweck – Doutorada em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é assessora econômica do Ministério do Planejamento – 24.10.2014
IN Brasil Debate.