A Câmara é o ambiente natural no qual se move Eduardo Cunha. Seu domínio
são as articulações de bastidor, os acordos, o frio cálculo político.
Raymundo Costa
Ele não chega a ser
propriamente um cristão novo no PMDB,
mas em apenas pouco mais de uma década escalou os principais cargos no partido,
algo que outros condestáveis da sigla levaram até 40 anos para conseguir, e se
encontra, agora, às vésperas de sua maior conquista pol´tica – a presidência da
Câmara dos Deputados, o segundo cargo na linha de sucessão da Presidência da
República. Até os mais renhidos adversários do deputado Eduardo Cunha (RJ)
reconhecem que só um imprevisto de grandes proporções pode tirar de suas mãso a
vitória na eleição marcada para primeiro de fevereiro. Na prática, isso
significa que, em caso de impedimento da presidente Dilma Rousseff e de seu
vice Michel Temer, seja qual for o motivo, como uma viagem simultânea de ambos
ao exterior, o polêmico líder da bancada dos deputados do PMDB sentará na
principal cadeira do Palácio do Planalto, mesmo que seja por algumas poucas
horas, como é usual.
Um feito notável
para um deputado que chegou a Brasília para exercer seu primeiro mandato
federal nos idos de 2003, já com as costas vergastadas por denúncias de
práticas de corrupção e envolveimnto em negócios obscuros. Nesse curto espaço
de tempo Cunha conseguiu impor-se ao comando do PMDB como candidato do partido
a presidente da Câmara, apesar de não contar com a boa vontade do Palácio do
Planalto e muito menos da presidente Dilma. Cunha certamente entra com apoios
até no PT, que tem um candidato próprio ao cargo, o deputado federal Arlindo
Chinaglia (SP). E sem amigos que possa realmente chamar de seus. O que ele tem
é associados na empreitada de conquistar a presidência da Câmara. Por isso é
favorito. Uma posição diligentemente tecida ao longo desses pouco mais de dez
anos na Casa.
(...)
Raymundo Costa – 23.01.2015
IN Valor Econômico.