sábado, 4 de julho de 2015

Simpatia do brasileiro é um mito, diz sociólogo Manuel Castells




CASTELLS – “não creio que o Brasil seja pior agora, ou que a rivalidade política esteja mais intensa nesse momento do que foi antes.
No Brasil, a desigualdade diminuiu, mas ainda é muito grande. O ex­presidente Fernando Henrique Cardoso dizia que o Brasil não era pobre, mas sim injusto. Concordo. Há uma imensa riqueza, controlada por 1% da população. Como é que a sociedade não vai estar com com raiva? E há, também, um grupo de classe média que está descontente porque se tira deles alguns recursos para redistribuir. Trata-­se de uma classe média profissional, que teme perder seus privilégios e que vive melhor que seus pares nos EUA e na Europa. Quem pode ter dois ou três empregados domésticos permanentes, vivendo em casa, ou constantemente indo e vindo? Nenhuma classe média do mundo!”

Sylvia Colombo
Para Manuel Castells, 73, a agressiva polarização política que se vê hoje nas redes sociais  “desconstrói o mito do brasileiro simpático”. O sociólogo espanhol esteve no país durante os protestos de junho de 2013, e acrescentou a seu livro “Redes de Indignação e Esperança – Movimentos Sociais na Era da Internet” (ed. Zahar) um posfácio em que analisa os recentes acontecimentos no Brasil.
Professor da universidade da Califórnia, Castells participou, na semana passada, do Fronteiras do Pensamento na Bahia.
Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista concedida à Folha, em Salvador.

Folha – Em 2013, o sr. disse que nosso grande problema era político, não econômico. E agora, que nossa economia tampouco anda bem?
Manuel Castells ­ Quando aponto a questão política me refiro a uma crise mundial dos sistemas tradicionais de democracia representativa, por conta da corrupção, agora mais exposta porque as pessoas têm mais acesso à informação e mais capacidade de organização por conta da internet. O sistema político brasileiro está mal como estão mal todos os sistemas do mundo. Há protestos e desgaste dos partidos tradicionais, além da aparição de correntes populistas de extrema-­direita e de extrema-­esquerda. Na Espanha, em Portugal e na Grécia, a reação é de esquerda. Na França, na Inglaterra e na Alemanha, é de direita.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/05/1630173-internet-so-evidencia-violencia-social-brasileira-afirma-sociologo-espanhol.shtml






Manuel Castells – Sociólogo – 18.05.2015
Sylvia Colombo
IN Folha de São Paulo.