quinta-feira, 30 de julho de 2015

Questão de método



Para o Brasil se tornar uma “pátria educadora”, é preciso fazer que o investimento crescente no ensino básico ganhe qualidade.

Denise Neumann
O setor público brasileiro gastou aproximadamente R$5,5 mil ao ano por aluno do ensino básico em 2013. Multiplicado pelos 42,3 milhões de crianças e jovens de até 17 anos que estavam na escola pública, esse valor representa perto de 5% de toda a riqueza produzida no país naquele ano, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB).  Foi algo em torno de R$230 bilhões, valor 120% maior em termos reais que o de dez anos antes. Esse volume cresce para 6,4% do PIB quando se consideram o ensino superior e os gastos públicos em parceria com o setor privado.
Em 2019, um ano depois do fim do segundo mandato da presidente Dilma Roussef – para o qual ela escolheu o slogan “Brasil, pátria educadora” -, os valores precisam alcançar 7% do PIB. Neste momento, essa não parece a tarefa mais complicada, mesmo diante do ajuste fiscal em curso e da menor perspectiva de arrecadação com os royalties do petróleo. O passado mostra que o mais difícil é transformar esse volume crescente de recursos em qualidade.
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Denise Neumann  30.01.2015
IN Valor Econômico, ed. impressa - Dossiê Educação.



Caminhos para reformar o ensino médio

Além das dificuldades de avançar na qualidade, os dados mostram que os governos batem em um limite de inclusão – o número de jovens de 15 a 17 anos fora da escola oscila em torno de 17% há cinco anos. (...)
Na busca de um modelo que torne essa etapa do ensino mais atrativa e reduza as taxas de abandono (em 2013, apenas 54% dos jovens de 19 anos havia terminado o ensino médio), alguns Estados adotaram programas de ensino médio integral e reformularam seus curriculos, tornando-o mais flexível e mirando o que chamam de “projeto de vida” do jovem.

Denise Neumann
Quando o ministro da Educação, Cid Gomes, defendeu no seu discurso de posse a necessidade de reformar o currículo do ensino médio, ele tocou em um ponto quase consensual entre gestores, pedagogos e pesquisadores da educação. Em nenhum dos ciclos  da educação básica, a estagnação dos indicadores de qualidade de ensino é tão clara como nessa etapa. Nela, um nnúmero crescente de Estados não alcança as metas establecidas para o Índice de Desenvolvimento em Educação (IDEB). Em 2009, foram 3; em 2011, 6; em 2013, 21. A média nacional estacionou em 3,7, e as notas também são ruins no ensino privado, cuja meta foi cumprida pela última vez em 2007. 
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Denise Neumann  30.01.2015
IN Valor Econômico, ed. impressa - Dossiê Educação.






Situação exige mais que verbas

Profissionais da área destacam a necessidade de uma base curricular nacional e de mudanças nos cursos de pedagogia.

Denise Neumann
O Plano Nacional da Educação (PNE) , aprovado no ano passado, definiu que os recurso para a educação pública serão crescentes e devem atingir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2024 – e no meio do caminho (2019) devem ficar em 7%. As últimas estimativas do Ministério da Educação apontam para um gasto total de 6,4% em 2012.
Mesmo diante dessa perspectiva de recursos crescentes, profissionais da área da educação dizem que há um conjunto de medidas fundamentais para que a educação brasileira avance em qualidade e não passa apenas por mais recursos, embora eles sejam  considerados fundamentais. Entre essa medidas, eles destacam a necessidade de uma base curricular nacional e uma mudança no currículo dos cursos de pedagogia que os tornem menos teóricos e mais práticos.
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Denise Neumann  30.01.2015
IN Valor Econômico, ed. impressa - Dossiê Educação.