Sérgio
Adorno – “Existe,
mas essa solução tem de ser conjunta, entre governo e sociedade. Do lado do
Estado, é necessária uma ampla reforma da atual política de segurança. E isso
inclui uma apuração rigorosa sobre a responsabilidade criminal de agentes que
violem as leis.
A impunidade é um
elemento-chave nesse processo. Se o policial que comete um crime não for
punido, ele se sente legitimado e vai cometê-lo novamente. Do nosso lado, temos
de construir uma base de solidariedade pela qual todos sintam que preservar a
vida é um valor absoluto”.
Luís Guilherme Barrucho
Nas décadas de 1980 e 1990,
execuções em massa levavam pânico e terror à região metropolitana de São Paulo.
Moradores viviam assustados e corpos amanheciam estirados pelas ruas. O cenário
mudou ─ para melhor ─, mas as chacinas não foram extintas. Pelo contrário,
continuam a assombrar a população e turbinar as estatísticas de criminalidade.
O
sociólogo Sérgio Adorno conhece a fundo o problema. Coordenador do Núcleo de
Estudos da Violência (NEV) da USP, ele é uma das principais referências no
estudo sobre o tema.
Na
quinta-feira passada, uma chacina em Osasco e em Barueri resultou na morte de
18 pessoas e suscitou temores de um novo ciclo de violência.
Um
levantamento do Instituto Sou da Paz, com base em dados obtidos junto à
Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP SP), mostra que o
número de mortos em chacinas na Região Metropolitana de São Paulo dobrou no
primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014 ─ e sem
que as vítimas fatais do episódio mais recente fossem contabilizadas.
Em
entrevista à BBC Brasil, Adorno abordou as causas mais comuns para as chacinas,
o papel da polícia como fator gerador de violência e a comoção popular ante
este tipo de crime.
(...)
Sérgio Adorno – Sociólogo e professor da USP.
Luís
Guilherme Barrucho – 15.08.2015.
IN BBC Brasil.