sexta-feira, 11 de setembro de 2015

São Paulo está menos desigual, mas elites estão mais segregadas


Eduardo Marques – “O que a gente tem na maior parte das periferias é uma combinação de três processos que não temos como separar. Primeiro, o processo de mobilidade ascendente, de baixa envergadura: filhos de trabalhadores manuais desqualificados não foram transformados em profissionais de nível alto e, sim, numa certa classe média baixa. Segundo, o processo de transformação dos próprios espaços, principalmente pela ação do Estado provendo infraestrutura —é um processo que ainda não está completo porque falta muito investimento para que as periferias tenham um padrão comparável ao conjunto da cidade, mas elas vêm melhorando muito; e tem uma terceira dimensão associada com a produção imobiliária pelo setor privado: na última década, especialmente em periferias consolidadas, nos subcentros, aconteceu uma atividade imobiliária expressiva do setor privado, orientada para a classe média baixa. Há ainda um quarto elemento, que é a presença nesses lugares dos condomínios fechados, que também produzem uma heterogeneização da periferia“.

Talita Bedineli
São Paulo, a maior metrópole da América Latina, mudou nos últimos 20 anos. As elites se tornaram ainda mais segregadas e as classes médias e baixas se misturaram mais, num processo intimamente relacionado com o crescimento econômico, a distribuição de renda e o investimento governamental em políticas públicas nas áreas periféricas. A análise é parte do livro “A metrópole de São Paulo no século XXI: espaços, heterogeneidades e desigualdades” (Ed. Unesp/CEM), organizado pelo professor de ciência política da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Marques, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole (CEM).
Para ele, o desafio da metrópole (e do país como um todo) é dar o passo seguinte ao da expansão universal das políticas públicas: melhorar a qualidade dos serviços ofertados, além de tornar a cidade mais compacta e criar subcentros de qualidade urbanística.
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Eduardo Marques – Professor da FFLCH/USP e pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole
Talita Bedinelli – 10.07.2015

IN El País Brasil.