quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Estratégia e preços de mercado




O controle político  - direto ou indireto – da moeda, do crédito e do preço do petróleo está sendo utilizado pelos EUA para impor a vontade nos vários tabuleiros geopolítico do mundo, onde há países que resistem ao seu poder imperial.
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Mas é lógico que não se trata de uma prática exclusiva dos EUA, ou dos países anglo-saxões e que deverá ocorrer o mesmo com todo e qualquer Estado expansivo que participe da luta pelo poder e pela riqueza internacionais, e que passe a controlar posições e recursos estratégicos, utilizando-os para bloquear o acesso dos seus concorrentes às mesmas posições e recursos. E o mesmo acontece com as grandes corporações multinacionais, que se apoiam no poder de seus Estados para expandir-se e para conquistar vantagens monopólicas, e que calculam sua expansão e seus investimentos com base na mesma lógica de conquista e dominação exclusiva de territórios e de mercados, muito mais do que de busca do lucro imediato.
 

José Luís Fiori
“A economia, como é ensinada e entendida, está sempre um passo atrás da realidade, exceto nas faculdades de administração de empresas”. John K. Galbraith, A economia das fraudes inocentes, Companhia das Letras, São Paulo, 2004, p. 29.
Através da história, os impérios clássicos e todos os grandes estados nacionais lutaram para conquistara e monopolizar “posições estratégicas”, que garantissem suas fornteiras e sustentassem sua expansão internacional. Isso aconteceu com Roma, Pérsia ou China, mas também com Portugal, Espanha ou Holanda. E foi com esse objetivo que a Inglaterra construiu uma rede de ilhas, cabos e portos ao redor do mundo, onde apoiou a expansão secular do seu poder naval, e do seu império, entre os séculos XVIII e XX.
Da mesma forma que os EUA planejaram e construíram no século XX a “teia estratégica” em que instalaram as mais de 700 bases militares em que se sustenta hoje o seu poder global. A luta, conquista e preservação desses territórios obedeceu sempre uma lógica e um cálculo militar, mas nunca teve nem cumpriu objetivos exclusivamente militares.
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José Luís Fiori – Professor titular de economia política internacional da UFRJ – 30.01.2015
IN Valor Econômico, ed. impressa.