domingo, 20 de setembro de 2015

Solução à esquerda



André Singer – “Com relação ao governo Dilma, ela assume numa situação muito difícil, porque ela é tomada, digamos, por três fatores extremamente adversos e em conjunção. Primeiro, é o fato de que ela prometeu uma coisa na campanha e fez o contrario no que diz respeito à política econômica. Isso acho que é um erro, porque me parece que, se precisava arriscar, era melhor arriscar no sentido contrario, que era, vamos dizer, o compromisso programático dela e do partido. E também por uma razão, eu diria – tem a ver com o meu campo de estudos -, que é o comportamento eleitoral. O eleitorado não perdoa esse tipo de comportamento, de você dizer que vai fazer uma coisa e faz o oposto. (…) Em segundo lugar, vocÊ tem essas denuncias, que não são denuncias recentes, já vem de varios e vários meses, há mais de um ano. E é claro que isso pega o governo, pega o PT. (…) E o terceiro fator é justamente a eleição de um presidente da Câmara, que volto a dizer, parece um ponto fora da curva. É uma liderança conservadora, mas conservadora do que a média do PMDB, na minha opinião, e que tem uma rara capacidade tanto de articulação política como de audácia”.

Aray Nabuco, Lilian Primi e Lúcia Rodrigues
“Acho que há um risco de ruptura institucional, baixo, mas existe”, diz o cientista político e professor da Universidade de São Paulo (USP), André Singer, sobre a situação política do País, alimentada pela crise econômica e a atuação radical e raivosa da direita e da “nova direita”, como vêm sendo chamados os pequenos grupos no extremo do espectro conservador e que tem dado as caras com ofensas, agressões e toda sorte de baixarias. A avaliação, porém, não exime de responsabilidade o seu próprio partido, o PT, nem o governo Dilma. Como estudioso, separa análise de militância e reafirma o processo, não só de riscos, mas também de amadurecimento da democracia. Na entrevista, ele fala dos casos de corrupção, da operação Lava Jato, da tentativa dos setores conservadores, iluminados no noticiário da mídia hegemônica, de evitar, a qualquer custo, uma possível vitória de Lula em 2018, entre outros assuntos.
Confira abaixo.
Caros Amigos – Em última instância, o Lula seria a figura que poderia ganhar as eleições de 2018. O plano com a Lava Jato e as ações seletivas de promotores e juízes não seria pegar lá na frente o Luiz Inácio?
André Singer – Não, eu acho que essa Operação Lava Jato, sem dúvida alguma, desvendou um esquema muito grave. E nós não sabemos até este momento, com clareza, quais são os limites desse esquema e o que representou.
Eu sempre insisto no ponto de que uma posição republicana, e eu acredito que a esquerda precisa ter uma posição republicana, não pode fugir de enfrentar este tipo de denúncia. Agora, é claro também que nós estamos vivendo um processo que vem desde o mensalão, em que todo ônus de um sistema político muito comprometido com financiamento empresarial está recaindo sobre o PT, e de maneira quase que exclusiva. Não é que não tenham sido envolvidos políticos de outros partidos, a gente sabe que nas próprias denúncias há também o  envolvimento de políticos do PSDB. Mas o ônus político principal está recaindo pesadamente sobre o PT, e em notório desequilíbrio com todos os outros. É evidente; e há uma enorme publicidade em torno das denúncias que envolvem o PT.
 (…)
Para continuar a leitura – e ler a entrevista completa –, acesse http://www.carosamigos.com.br/index.php/revista/189-edicao-220/5190-andre-singer-solucao-a-esquerda





Aray Nabuco, Lilian Primi e Lúcia Rodrigues – julho de 2015.
André Singer – Cientista Político e  professor do Departamento de Ciência política da FFLCH/USP.
IN Caros Amigos, ed. 220.