A matemática intimida, desmotiva, cria ansiedades,
reforça preconceitos, diminui aspirações, consolida barreiras de gênero e de
raça para milhões de crianças e jovens no Brasil, principalmente as que estão
nas escolas públicas. Esse hiato cognitivo (e psicosocial) apenas cresce
durante a vida escolar de nossas crianças e jovens. De fato, 90% delas concluem
o ensino médio sem o aprendizado desejável na matéria.
Flávio Comim
Se
você não gostava e tem más lembranças das suas aulas de matemática dos tempos
da escola, você não está sozinho. Uma pesquisa feita pelo Instituto TIM/O
Círculo da Matemática do Brasil mostrou que 65% dos brasileiros maiores de 25
anos têm lembranças desagradáveis das aulas de matemática da escola. Percentual
idêntico disse simplesmente que não gostava e não achava fácil essas
aulas. Isso fez com que a matemática fosse eleita por 43% das pessoas como a “matéria
mais detestada” da escola. Curioso que 91% das pessoas expressaram a opinião de
que o conhecimento da matéria não é decisivo para encontrar um bom trabalho. De
modo similar, 89% delas aformaram que não usa a matemática que aprenderam na
escola nos problemas do dia-a-dia.
A
triste realidade é que vivemos em um país onde as pessoas não apenas não sabem
matemática, mas parecem não se importar muito com isso. Seguimos como “zumbis
de matemática” levando vidas socialmente e economicamente incompletas. Não é
nenhum exagero dizer que o berço da desigualdade social no Brasil hoje é o
ensino de matemática. Já no 3º ano do ensino fundamental 57% das crianças de
8-9 anos não tem conhecimento adequado de matemática.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.valor.com.br/opiniao/4286134/para-quem-nao-gosta-da-detestavel-matematica
Flávio Comim
– Professor de economia associado da UFRGS e professor visitante da
Universidade de Cambridge – 26.10.2015
IN
Valor Econômico, ed. impressa.