quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Que a Justiça seja feita


Republicanos como Pat Nolan, preso por 25 meses, e democratas concordam, o sistema criminal americano precisa de uma reforma para se tornar menos severo.

Sérgio Lamucci
Num país ultrapolarizado politicamente, propostas para reformar a Justiça criminal conseguiram unir aliados improváveis nos Estados Unidos. Republicanos e Democratas têm buscado agir em conjunto para mudar o sistema, com o objetivo de torna-lo menos severo e mais flexível. A pol´tiica de encarceramento em massa adotada pelos EUIA é combatida hoje por uma parcela expressiva da esquerda e também da direita. No caso da maioridade penal, a tendência no país tem sido a de diminuir a possibilidade de menores serem julgados como adultos.
Na semana passada, Barack Obama foi à prisão de El Reno, em Oklahoma, onde defendeu a redução das penas para criminosos não violentos e a limitação do confinamento em solitárias, na primeira visita a uma penitenciária feita por um presidente americano no exercício do cargo. Já o presidente de Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, endossou o chamado Safe Justice Act, projeto apresentado pelos deputados Jim Sensenbrenner, republicano de Wisconsin, e Bobby Scott, democrata da Virgínia. A proposta prevê várias mudanças na Justiça criminal, como a diminuição de penas obrigatórias para crimes sem violência relacionados a drogas.
Há uma avaliação crescente entre republicanos e democratas de que a Justiça criminal americana é ineficaz, cara e muitas vezes injusta. A população carcerária é muito grande, as sentenças para crimes relativamente leves são muito pesadas e  a taxa de reincidência é muito alta – cerca de 40% de detentos soltos voltam à cadeia dentro de três anos, como destaca Pat Nolan, diretor do Centro para Reforma da Justiça Criminal da American Conservative Union Foundation. Nolan é uma das principais vozes conservadoras a favor de mudanças no sistema criminal americano. “Os EUA exageraram no uso do encarceramento”, afirmou, em entervista ao Valor.
(...)



Sérgio Lamucci – 24.07.2015
IN Valor Econômico, ed. Impressa.