sábado, 26 de dezembro de 2015

Precisamos de direita no Brasil?


há um ganho quando a direita se envergonha de assumir suas posições. Isso significa que, em algum nível, a sociedade entende que a profunda desigualdade que a atravessa não é justificável. Para um debate ocioso de ideias, pode ser interessante contemplar a ginástica intelectual daqueles que afirmam que a concentração da riqueza é a base da felicidade geral ou que os privilégios são a essência da liberdade. Mas para o debate político, a obrigação de um compromisso – ao menos verbal – com uma sociedade mais justa é que permite sonhar com avanços, inclusive por estabelecer parâmetros para julgar os líderes políticos.


Luis Felipe Miguel
Em excelente artigo publicado no domingo num jornal paulistano, Celso Barros analisa a guinada do PSDB para a direita. Guinada anunciada, na sua interpretação, uma vez que, com o deslocamento do PT na direção do centro, não havia mais espaço para o projeto vagamente social-democrata que animou muitos dos caciques do partido quando de sua fundação. Era inevitável, então, que “algo como o PFL” renascesse dentro do PSDB. O texto, naturalmente, dá espaço a polêmicas. É muito discutível, por exemplo, se havia algo de genuinamente social-democrata mesmo no PSDB original, mesmo no sentido mais diluído de social-democracia. Centrista, sim. Social-democrata? Difícil. É mais razoável dizer que o PT ocupou seu espaço não por se definir pela social-democracia, o que o PT também não fez, mas por adotar o discurso, eminentemente liberal, da “sociedade de oportunidades” que, esse sim, animava o PSDB original.
De toda forma, o artigo é uma análise inspirada e cuidadosa, que merece a leitura de quem deseja entender a política brasileira atual – até mesmo pelas discordâncias que suscita.
O ponto de Celso Barros é que a emergência do PSDB como principal polo da direita política no Brasil deve ser saudada como positiva. Afinal, “o Brasil, como toda democracia moderna, precisa de uma direita viável” – e o PSDB, no papel de “grande civilizador da direita brasileira”, propiciou a emergência desse item de primeira necessidade nas terras tupiniquins. Há, aqui, uma questão de fato e uma questão de valor que julgo necessário colocar em xeque.
(...)
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Luis Felipe Miguel – Cientista Político – 17.09.2015
IN Blog Demodê.