No estudo, verificou-se que as três
elites políticas [do sistema jurídico nacional] identificadas [intelectuais, profissionais e institucionais] têm
em comum a origem social, as universidades e as trajetórias profissionais. (...) O cientista político também
aponta que apesar de a carreira de um jurista ser definida com base no mérito,
ou seja, via concursos, há um série de elementos que influenciam os resultados
desta forma de avaliação. (...)
“No caso dos Tribunais Superiores, não há
concursos. É exigido como requisito de seleção ‘notório saber jurídico’, o que,
em outras palavras, significa ter cursado as mesmas faculdades tradicionais que
as atuais elites políticas do Judiciário cursaram”, afirma o pesquisador.
Por fim, outro fator relevante constatado
no levantamento é o que Almeida chama de “dinastias jurídicas”. Isto é, famílias
presentes por várias gerações no cenário jurídico.
Cida de Oliveira
São Paulo – Há, no sistema jurídico
nacional, uma política entre grupos de juristas influentes para formar alianças
e disputar espaço, cargos ou poder dentro da administração do sistema. Esta é a
conclusão de um estudo do cientista político Frederico Normanha Ribeiro de
Almeida sobre o judiciário brasileiro. O trabalho é considerado inovador porque
constata um jogo político “difícil de entender em uma área em que as pessoas
não são eleitas e, sim, sobem na carreira, a princípio, por mérito”.
Para sua tese de doutorado A
nobreza togada: as elites jurídicas e a política da Justiça no Brasil,
orientada pela professora Maria Tereza Aina Sadek, da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Almeida fez entrevistas, analisou
currículos e biografias e fez uma análise documental da Reforma do Judiciário,
avaliando as elites institucionais, profissionais e intelectuais.
Segundo ele, as elites institucionais
são compostas por juristas que ocupam cargos chave das instituições da
administração da Justiça estatal, como o Supremo Tribunal Federal (STF),
Superior Tribunal de Justiça, tribunais estaduais, Ministério Público, Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Já as elites profissionais são caracterizadas por lideranças
corporativas dos grupos de profissionais do Direito que atuam na administração
da Justiça estatal, como a Associação dos Magistrados Brasileiros, OAB e a
Confederação Nacional do Ministério Público.
O último grupo, das elites intelectuais, é formado por
especialistas em temas relacionados à administração da Justiça estatal. Este
grupo, apesar de não possuir uma posição formal de poder, tem influência nas
discussões sobre o setor e em reformas políticas, como no caso dos
especialistas em direito público e em direito processual.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2010/11/elites-controlam-o-sistema-judicial-confirma-pesquisa-da-usp
Cida de Oliveira – 08.11.2010
IN Rede Brasil Atual.