Todos os processos de
transformação progressista do capitalismo tiveram e têm que transformar o
aparelho econômico-produtivo e tecnológico herdado. Processos como os
nossos, em que essa transformação de longo alcance tem que ocorrer no marco de
um capitalismo periférico conturbado por recursivas crises de governabilidade,
demandam ações nas frentes externa e interna.
Renato Dagnino
Todos
os processos de transformação progressista do capitalismo, e aí me refiro
temerariamente a um espectro que vai da revolução russa aos dos governos
pós-neoliberalismo latino-americanos, tiveram e têm que transformar o aparelho
econômico-produtivo e tecnológico herdado.
Processos
como os nossos, em que essa transformação de longo alcance tem que ocorrer no
marco de um capitalismo periférico conturbado por recursivas crises de
governabilidade, demandam ações nas frentes externa e interna. Duas propostas que
convivem no seio da esquerda as avaliam de forma distinta. Vou argumentar que
só uma delas nos permitirá sair por cima do labirinto – político, mas com
causação econômica – em que a direita recorrentemente nos tenta embretar.
Na
frente externa, excetuando as alianças provocadas pelo crescente apetite
estadunidense, nossos adversários não mudaram muito. Por isso, as ações não têm
como diferir substantivamente da proposta nacional-desenvolvimentista pactuada
por nossas elites. Trata-se de adicionar valor às commodities, buscar arranjos de integração regional que
diminuam nossa dependência dos centros de poder mundial, proteger o mercado
para garantir a lucratividade das empresas locais (nacionais e estrangeiras),
ganhar a confiança do “mercado global” para atrair investimento estrangeiro
direto, etc.
Pelo
menos duas dificuldades se somam às que essa proposta enfrentou. A primeira é a
mundialização e financeirização do sistema capitalista – unipolar
“neoliberalizado” –, associadas às rupturas tecnocientíficas que quem o domina
provoca, explora e aproveita. Ela tem sido exaustivamente analisada pela
esquerda (e, é claro, pela direita) para propor ações, inclusive no âmbito
econômico-produtivo interno, para superá-las.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/09/a-esquerda-e-o-aparelho-economico-produtivo-latino-americano-uma-reflexao-para-sair-do-labirinto/
Renato Dagnino - Professor titular da Unicamp nas áreas de Política Científica e
Tecnológica e Gestão Pública – 27.09.2015.
IN Revista Forum.