Nilo D´Ávila (Greenpeace) – “Saber o tamanho do estrago vai demorar, porque o
estrago ainda não parou.”
Mariana Diniz
Um mês após o rompimento da barragem de rejeitos
de Fundão, em Mariana (MG), as causas e os impactos do derramamento de pelo
menos 34 milhões de metros cúbicos de lama no meio ambiente, segundo o Ibama,
ainda estão sendo levantadas.
“Saber o tamanho do estrago vai demorar, porque
o estrago ainda não parou”, avalia Nilo D´ávila, coordenador de campanhas do
Greenpeace. “Tem partes do rio que parecem estar asfaltadas. Não se vê água, se
vê alguma água empoçando e buscando novos caminhos”, disse o especialista.
A onda de lama, formada após o desastre em 5 de
novembro, destruiu vilarejos da cidade histórica de Mariana e só no distrito de
Bento Rodrigues deixou mais de 600 desabrigados. De acordo com o Corpo de
Bombeiros de Minas Gerais, já foram confirmadas 12 mortes, três corpos aguardam
identificação e sete pessoas ainda estão desaparecidas na região.
As cerca de 200 famílias que tiveram as casas
destruídas pela lama de rejeitos foram acomodadas pela mineradora Samarco,
responsável pela tragédia, em hotéis e casas provisórias. Essas pessoas ainda
não têm previsão de quando vão receber uma nova residência. Quatro dias após o
rompimento da barragem, o Ministério Público enviou documento à Samarco pedindo
ações imediatas de garantia dos direitos das vítimas, entre elas o pagamento de
um salário mínimo por família atingida, mais um adicional de 20% para cada um
dos dependentes e cesta básica.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://m.agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-12/um-mes-apos-tragedia-em-mariana-causas-e-impactos-ainda-sao-investigados
Mariana Diniz - Repórter da Agência Brasil – 05.12.2015
IN Agência Brasil EBC.
A lama da
Samarco e o jornalismo que não dá nome aos bois
a maior tragédia
socioambiental brasileira do século XXI já começa a ser soterrada pelos
jornais, após uma cobertura protocolar. Da lama à ordem: ignoram-se os
conflitos, minimizam-se as contradições e se assimilam os discursos cínicos de
executivos e de membros do governo. Com a clássica blindagem dos sócios da
empresa.
Alceu Castilho
Por trás da lama da Samarco afirma-se o gosto
amargo de um jornalismo subserviente, a serviço do mercado. Dezenas de pessoas
estão desaparecidas em Mariana (MG). Entre elas, crianças. O vídeo
acima mostra como era o cotidiano de um povoado destruído. Mas a
maior tragédia socioambiental brasileira do século XXI já começa a ser
soterrada pelos jornais, após uma cobertura protocolar. Da lama à ordem:
ignoram-se os conflitos, minimizam-se as contradições e se assimilam os
discursos cínicos de executivos e de membros do governo. Com a clássica
blindagem dos sócios da empresa.
Primeiro enumeremos os donos. Já se sabe que 50%
da Samarco pertence à Vale, a Vale que tirou o Rio Doce de seu nome e nele despejou lama
tóxica. A outra metade pertence à anglo-australiana BHP Billiton, uma fusão da
australiana Broken Hill Proprietary Company com a inglesa (radicada na África
do Sul) Billiton, atuante nas veias abertas do Chile, Colômbia e Peru (onde
tomou uma multa ambiental de US$ 77 mil após contaminação
por cobre), no Canadá, Reino Unido e nos Estados Unidos, na Argélia,
no Paquistão e em Trinidad & Tobago. Já protagonizou na Papua Nova Guiné
uma contaminação fluvial histórica. As maiores
mineradoras do mundo.
E a quem pertence à Vale? Esse capítulo costuma
ser omitido, quando se fala de impactos sociais e ambientais. A empresa é
controlada pela Valepar, com 53,9% do capital votante (1/3 do capital
total). Com 5,3% para o governo federal, 5,3% para o BNDESpar, 14,8% para
investidores brasileiros, 16,9% na Bovespa e 46,2% de investidores estrangeiros
(este percentual cai para 33,9% no caso do capital total). De qualquer forma já
temos que a Samarco – com a metade anglo-australiana e com esses investidores
estrangeiros da Vale – tem mais da metade de suas ações nas mãos de
estrangeiros.
E quem manda na Valepar, que controla a Vale? 1)
Fundos de investimentos administrados pela Previ, com 49% das ações; 2) A
Bradespar, do Bradesco, com 17,4%; 3) A multinacional Mitsui, um dos maiores
conglomerados japoneses, de bancos à petroquímica, com tentáculos na Sony,
Yamaha, Toyota, com 15%; 4) O BNDESpar, com 9,5. (Ignoremos os 0,03% da
Elétron, do Opportunity e seu onipresente Daniel Dantas. E registremos que, com
a Mitsui, aumenta ainda mias a participação de estrangeiros na Samarco.)
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://outraspalavras.net/alceucastilho/2015/11/09/a-lama-da-samarco-e-o-jornalismo-que-nao-da-nome-aos-bois/
Alceu Castilho – Jornalista– 09.11.2015
In Outras Palavras (Blog do Alceu Castilho).
Bastidores de
uma tragédia: Os relações públicas da Samarco dão uma surra no Estado
brasileiro, que sucumbe ao poder econômico
Num país soberano, o ritmo é ditado pelo interesse público. É de
interesse da população brasileira, por exemplo, inundar o mercado com o
petróleo do pré-sal, derrubando os preços? Claro que não.
Quem lucra, neste caso, são os países consumidores. Os Estados Unidos,
por exemplo. Portanto, quando FHC privatizou parcialmente a Petrobras, vendendo
ações na bolsa de Nova York, ele transferiu parte da soberania brasileira para
investidores estrangeiros. Eles, sim, querem retorno rápido. Querem cavar o
oceano às pressas, até esgotar o pré-sal. É a dinâmica do capitalismo!
Luiz Carlos Azenha
A mineradora Samarco, joint venture da Vale com
a australiana BHP Billiton, teve um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões em 2014. Ou
seja, limpinhos!
Como se sabe, o Brasil é uma “mãe” para as
mineradoras. A Agência Pública fez uma reportagem interessante a respeito,
quando Marina Amaral perguntou: Quem
lucra com a Vale?
O “pai” das mineradoras é Fernando Henrique
Cardoso. Em 1996, com a Lei Kandir, isentou de ICMS as exportações de minérios!
O que aconteceu com a Vale, privatizada a preço
de banana, é o mesmo que se pretende fazer com a Petrobras: colocar a empresa
completamente a serviço dos acionistas, não do Brasil.
O que isso significa?
Auferir lucros a curto prazo, custe o que
custar.
A questão-chave está no ritmo da exploração das
reservas minerais.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www.viomundo.com.br/denuncias/bastidores-de-uma-tragedia-os-relacoes-publicas-da-samarco-dao-uma-surra-no-estado-brasileiro-que-sucumbe-ao-poder-economico.html
Luiz Carlos Azenha – 09.11.2015.
IN Vi o Mundo.