Como
as agências de comunicação cultivam relações com jornalistas, fazem o lobby dos
governos e da iniciativa privada, e influenciam o que é publicado na imprensa.
(…)
As
agências de comunicação, ou de public relations (PR), como a FSB Comunicações,
são uma versão anabolizada – e muito mais sofisticada desde que a internet
mudou o mundo – das antigas assessorias de imprensa. Começaram a tomar corpo
nos anos 90 e tiveram um crescimento exponencial na última década. Estima-se
que hoje sejam 600 empresas no país – de todo porte. Segundo a Mega Brasil,que
publica um Anuário da Comuncação Corporativa, referência do setor, o
faturamento global, no ano passado, foi de 2,3 bilhões de reais, um crescimento
da ordem de 20% em relação a 2013.
Luiz Maklouf Carvalho
“Alô,
de onde fala?”
“Da FSB.”
“Faca,
sapo, bola?”
“Não.
Francisco Soares Brandão.”
FSB é
um senhor baixinho e grisalho de 66 anos, expressão ranzinza e óculos redondos
de aro vermelho que lhe conferem um ar publicitário dos anos 80. Sentado à
cabeceira de uma grande mesa de reuniões, não achou graça ao ouvir do repórter
a menção ao telefonema do “faca, sapo, bola”. Limitou-se a explicar que, diante
de perguntas do gênero, as telefonistas são orientadas a responder com o seu
nome. “Na FSB, tudo tem orientação, disse o dono das consoantes. “Eu sou um
sujeito obsessivo com a organização, não teria feito esse negócio se não fosse.
“Esse
negócio”, que este ano completa 35 anos, é a maior agência de comunicação do
Brasil. Tem cerca de 700 funcionários e 200 clientes, entre os quais meia dúzia
de ministérios, estatais como a Petrobrás, os governos estadual e municipal do
Rio, além de algumas outras prefeituras, como de Campinas, e dezenas de grandes
empresas do setor privado. Sua sede de 1200 metros quadrados fica em Ipanema,
na Zona Sul do Rio de Janeiro, a duas quadras da praia. Tem filiais em São
Paulo e Brasília (a de Belo Horizonte irá fechar no final do ano, além de um escritório
em Nova York. Fatuou declarados 201 milhões de reais no ano passado – mais da
metade no setor público, um crescimento de 25% em relação a 2013. Nesse
atrapalhado 2015, estima crescer uns 15%.
(...)
Luiz Maklouf Carvalho –
dezembro de 2015.
IN Revista Piauí, n. 111.
IN Revista Piauí, n. 111.