O
pensamento feminista negro coloca a mulher negra no centro do debate, não
somente em termos de produção e análise, mas no sentido de privilegiar o lugar
que a mulher negra ocupa na estrutura social. Para além da compreensão de que
as desigualdades devem ser objetos de produção de conhecimento reflexivo e crítico
dá espaço às vozes que foram historicamente silenciadas, as vozes das mulheres
negras.
(...)
Tirar
essas pautas da invisibilidade é muito importante, um olhar interseccional é
fundamental para que fujamos de análises simplistas ou para se romper com essa
tentação de universalidade que exclui. A história tem nos mostrado que a
invisibilidade mata.
Djamila Ribeiro
É fundamental explicitar as
grandes distâncias que ainda separam homens e mulheres e negros e brancos no
Brasil. O retrato das desigualdades no Brasil mostra como racismo e sexismo são
elementos estruturantes que mantém as violências históricas contra a população
negra.
Para a compreensão desses
fenômenos é necessário evidenciar a relevância de um conceito muito pouco
discutido e disseminado no Brasil: a interseccionalidade. Esse conceito vem
sendo desenvolvido por mulheres negras ativistas há mais de um século e recebeu
maior atenção quando a crítica e teórica estadunidense Kimberlé Crenshaw o
utilizou como centro de uma tese, em 1989, para analisar como raça, gênero e
classe se interseccionam e geram diferentes formas de opressão.
“A interseccionalidade é
uma conceituação do problema que busca capturar as conseqüências estruturais e
dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata
especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de
classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que
estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras”.
(CRENSHAW, 2002: 177)
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Para
continuar a leitura, acesse http://ponte.org/feminismo-negro-violencias-historicas-e-simbolicas/
Djamila Ribeiro – 12.08.2015
IN A Ponte Jornalismo.