David Tothkopf – “Sobre as críticas às políticas do governo de
esquerda, a questão é: qual governo? Lula, no auge de sua popularidade, fez
mais para aumentar o peso do Brasil no cenário mundial do que qualquer
presidente do Brasil, seja por abrir embaixadas e consulados pelo mundo, seu
papel de liderança, Celso Amorim e o Itamaraty envolvidos nos assuntos mais
importantes e dizendo 'o Brasil é um dos países mais importantes do mundo e
temos que ser tratados desta forma'. Aderir à ideia dos Brics foi outro
componente disso, a diplomacia Sul-Sul, e também o fato de que as coisas
estavam funcionando no Brasil.
Dilma não tinha muito tato para isso,
Antonio Patriota era ótimo, mas ela não o empoderou, controlou muito, houve
tensões com o Itamaraty. Depois veio Mauro Vieira, que era também muito capaz,
mas era muito claro que ela estava com problemas na maior parte do tempo em que
ele foi chanceler. De novo, se há um problema interno, isso se transfere para a
política externa”.
Luiza Bandeira
As medidas que "desfazem" ações dos governos do PT - como parte
da guinada na política externa brasileira proposta pelo novo ministro das
Relações Exteriores, José Serra - não são boas para o país, na visão do editor
de uma das principais revistas dedicadas a relações internacionais do mundo, a Foreign
Policy.
"Se Serra acha
que reformar a política externa é desfazer o que o Lula fez, ele não está
agindo em nome dos interesses do Brasil", disse à BBC Brasil David
Rothkopf, em referência à possibilidade de fechamento de embaixadas abertas em
gestões anteriores.
Após assumir o posto
de chanceler do governo interino de Michel Temer, Serra criticou o que chamou
de "partidarismo" da política externa dos governos do PT e indicou
que, além de buscar uma gestão focada em comércio internacional, possivelmente
fecharia embaixadas abertas por Lula em países da África e do Caribe.
Para Rothkopf, Lula "fez mais para aumentar o peso do Brasil no
cenário mundial do que qualquer presidente do Brasil". Ele também dá
crédito ao ex-chanceler Celso Amorim - que chegou a chamar de
"provavelmente o melhor chanceler do mundo" em um artigo em 2009 -
pelo papel em transformar o país em um ator de peso no cenário internacional.
O CEO e editor da Foreign Policy, no entanto, critica a excessiva
complacência do governo com o regime de Hugo Chávez sob Lula e a perda de
importância da política externa sob Dilma.
(...)
Para continuar a leitura e ler toda a entrevista, acesse http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36334715?ocid=socialflow_facebook
Luiza Bandeira – 20.05.2016.
David Tothkopf – CEO e Editor da Foreign Policy.
IN BBC Brasil.