O que temos hoje é um cabo de guerra
entre um governo fragilizado pelo baixo desempenho da economia e pelas
denúncias de seu envolviemnto em práticas corruptas e uma oposição desleal, ou
seja, aquela que, segundo os manuais de ciÊncia política, não aceitam as regras
do jogo. Vejamos.
A origem da crise está na vitória do PT
nas eleições de 2014. O país enfrentava sérios problemas econômicos que
ameaçavam os ganhos obtidos pela população por mais de uma década. A baixa
popularidade do governo expressava o descontentamento com a situação. Além
disso, denúncias de um esquema de corrupção na petrobrás, liderado pelo partido
do governo, alimentavam as manchetes jornalísticas diariamente.
Ao final do processo, o PSDB, principal
partido de oposição, não aceitou a sua quarta derrota na disputa presidencial.
(...).
Nascia daí o objetivo que mais tarde se tornaria claro, o objetivo de
não permitir que a presidenta concluísse seu mandato, custe o que custasse.
Argelina Cheibub Figueiredo
A pergunta feita a mim pela Folha não foi por acaso. Sempre argumentei
que as instituições representativas e de governo brasileiras – ou seja, o
presidencialismo, o federalismo, o sistema proporcional de lista aberta e o
multipartidarismo – não constituíam obstáculo para o funcionamento e a mudança
de políticas públicas em governos de coalizão.
A centralização decisória estabelecida na Constituição de 1988, com o
aumento dos poderes legislativos do Executivo, e o fortalecimento dos líderes
partidários inscritos no regimento da Câmara dos Deputados podem funcionar como
instrumentos de barganha entre o governo e a sua base parlamentar, resultando
em apoio congressual sistemático e na capacidade do governo de aprovar suas
propostas legislativas.
Por isso, sempre fui contra mudanças drásticas das nossas instituições representativas
e de governo, pois elas garantem o acesso das demandas da população ao centro
decisório e mais equilíbrio entre os poderes.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://m.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1770900-o-que-deu-errado-nao-culpemos-as-instituicoes.shtml
Argelina Cheibub Figueiredo – Cientista Política, Professora da UERJ – 13.05.2016.
IN Folha de São Paulo.