terça-feira, 14 de março de 2017

Voto facultativo seria ruim, dizem acadêmicos


"Vamos pegar o caso americano. Quem normalmente não comparece? Hispânico, negro, pobre –você exclui os que já estão excluídos socialmente", afirmou Couto. "Então, a probabilidade no voto facultativo é você aumentar a exclusão dos que já são socialmente excluídos", concluiu.
De acordo com os dois acadêmicos, quando o voto passa a ser voluntário, a grande disputa passa a ser sobre quem vai votar.
"Os políticos se organizam para fazer seus eleitores votar e fazer com que os adversários não votem", explicou Limongi.
Para ele, a proposta do voto facultativo desconsidera a experiência política brasileira na época da República Velha (1889 - 1930), em que "a participação era muito baixa e toda controlada pelo sistema político".

Paula Reverbel
"Existe essa visão elitista, que acha que [o voto facultativo] vai tirar o eleitorado que sustentou a corrupção e que vai sobrar o eleitor iluminado, frequentador da faculdade de filosofia da USP –não. Não vai rolar, não é assim que as coisas são."
A opinião foi dada nesta segunda-feira (7) por Fernando Limongi, pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e professor do Departamento de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo), que argumentava contra a adoção do voto facultativo.
Ao lado de Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, ele participou de debate realizado pela Folha e pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) para fazer um balanço das eleições municipais.
O evento foi parte da série Seminários Ilustríssima.
(...)




Paula Reverbel – 07.11.2016.
Fernando Limongi – Cientista político, professor da USP e pesquisador do CEBRAP.
Cláudio Couto – Cientista político, professor da FGV-SP
IN Folha de São Paulo.