"Vamos pegar o caso americano. Quem normalmente não comparece?
Hispânico, negro, pobre –você exclui os que já estão excluídos
socialmente", afirmou Couto. "Então, a probabilidade no voto
facultativo é você aumentar a exclusão dos que já são socialmente
excluídos", concluiu.
De acordo com os dois acadêmicos, quando o voto passa a ser
voluntário, a grande disputa passa a ser sobre quem vai votar.
"Os políticos se organizam para fazer seus eleitores votar e
fazer com que os adversários não votem", explicou Limongi.
Para ele, a proposta do voto facultativo desconsidera a experiência
política brasileira na época da República Velha (1889 - 1930), em que "a
participação era muito baixa e toda controlada pelo sistema político".
Paula Reverbel
"Existe essa visão elitista, que acha que [o voto facultativo] vai
tirar o eleitorado que sustentou a corrupção e que vai sobrar o eleitor
iluminado, frequentador da faculdade de filosofia da USP –não. Não vai rolar,
não é assim que as coisas são."
A opinião foi dada nesta segunda-feira (7) por Fernando Limongi,
pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e professor
do Departamento de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo), que
argumentava contra a adoção do voto facultativo.
Ao lado de Cláudio Couto, professor do Departamento de Gestão Pública da
Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, ele participou de debate realizado pela
Folha e pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) para fazer um
balanço das eleições municipais.
O evento foi parte da série Seminários Ilustríssima.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/poder/eleicoes-2016/2016/11/1830204-voto-facultativo-seria-ruim-dizem-academicos.shtml
Paula Reverbel – 07.11.2016.
Fernando Limongi – Cientista político, professor da USP e pesquisador do CEBRAP.
Cláudio Couto – Cientista político, professor da FGV-SP
IN Folha de São Paulo.