sábado, 25 de março de 2017

Algo de podre no reino da Agroindústria


Na agropecuária, o Brasil escolheu o oposto disso: muito agrotóxico, pouca educação, muita concentração de terra, pouca inovação, muita devastação ambiental, pouca colaboração, muito juro, pouca infraestrutura, muita eficiência, pouco futuro. Nosso sistema nacional de produção de alimentos é decidido nas planilhas de cálculo de corporações como Friboi, JBS e Ambev, que vão sempre decidir pelo custo menor e receita maior, independentemente de qualquer efeito colateral na saúde pública. É um modelo frágil, como vimos na semana passada. 


Denis R. Burgierman 
Minha maior surpresa com o escândalo da carne, na semana passada, foi a surpresa de tanta gente. Sério mesmo que o pessoal não esperava que a indústria mascarasse o cheiro e o gosto da carne vencida, para economizar na matéria-prima e não perder receita das vendas? Cara, desculpa se sou eu a lhe abrir isso, mas é assim mesmo que as coisas têm funcionado.  Especialmente no Brasil. 
O país é uma megapotência agropecuária. Somos os maiores exportadores do mundo de frango, soja, suco de laranja, açúcar, café, suco de frutas, estamos no rumo para nos tornarmos na próxima década os maiores produtores do mundo de todo o setor. Orgulho. Vai, Brasil. 
Mas é engraçado que esse meu orgulho pátrio nem sempre encontra eco nas reações dos amigos que faço pelo mundo. Este mês entrevistei uma sul-africana aqui em São Paulo – almoçamos juntos. Ela ficou aliviada quando viu que o cardápio do evento era massa. “Comemos muito frango brasileiro na África do Sul. Tenho que confessar que eu odeio.” Tenho uma amiga colombiana que sempre que me encontrava fazia questão de me relembrar que o café brasileiro de má qualidade e preço baixo que inundou o mercado internacional quebrou um monte de fazendeiros que faziam cafés incríveis nas montanhas da região onde ela nasceu, nos Andes. 
Engraçado também que uma potência agropecuária, responsável por uma porcentagem considerável de toda a produção mundial de alimentos, abençoada com uma quantidade surreal de recursos naturais, coma tão mal. Em nenhum outro lugar do planeta usa-se tantos agrotóxicos quanto aqui, com consequências imprevisíveis, a longuíssimo prazo. 
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Denis R. Burgierman – Jornalista – 23.03.2017.
IN Nexo Jornal.