A luta
pela industrialização é uma questão de sobrevivência das nações, seus povos e
de suas identidades.
Luiz Gonzaga Belluzzo
Leio na edição dominical da "Folha de S. Paulo" um instigante
artigo do professor Samuel Pessoa, intitulado "Indústria e Câmbio".
Físico que se envolveu nas complexidades e armadilhas da Ciência Triste,
Samuel é meu confrade espiritual na autenticidade da fé palestrina, condição
acessível apenas aos palestrinos de boa fé. Padecemos da mesma paixão pelo
campeão do século XX, mas não compartilhamos as mesmas visões da economia e da
sociedade.
Uma frase de Samuel incitou minha decisão de alinhavar considerações
sobre o tema da indústria e de sua importância: "Não me parece haver
evidência empírica de que a indústria seja especial sob algum critério".
Não? O historiador Carlos Cipolla discorda. Em sua investigação sobre a ruptura econômica e social produzida pela assim chamada Revolução Industrial, Cipolla escreveu: "A Revolução Industrial transformou o Homem agricultor e pastor em máquinas movidas por energia inanimada". Imagino que Samuel queira submeter a constatação de Cipolla a um teste econométrico, baseado numa série temporal que colhe informações desde o Neolítico até as primeiras décadas do século XIX.
À falta de tão requintados procedimentos de positividade empirista, só nos resta recorrer aos pacientes trabalhos de Angus Maddison. No livro "The World Economy" ele estima que, entre 1820 e 1913, a Grã Bretanha cresceu a uma taxa três vezes maior do que aquela apresentada no período 1700-1820.
(...)
À falta de tão requintados procedimentos de positividade empirista, só nos resta recorrer aos pacientes trabalhos de Angus Maddison. No livro "The World Economy" ele estima que, entre 1820 e 1913, a Grã Bretanha cresceu a uma taxa três vezes maior do que aquela apresentada no período 1700-1820.
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Luiz Gonzaga Belluzzo – Ex-secretário de Política
Econômica do Ministério da Fazenda é professor titular do Instituto de Economia
da Unicamp – 11.03.2014
IN Valor Econômico.