A
Comissão Nacional da Verdade divulga uma lista de empresas que delataram
funcionários. (...) As empresas justificavam o controle e a colaboração com o
regime pela suposta ameaça comunista dos movimentos sindicais. Desde citar os
nomes de quem organizasse atos sindicalistas ou vendesse jornais na porta da
fábrica, até qualificar algumas mortes como acidentes de trabalho quando de
fato não o eram. A polícia, em muitos casos, chegava a receber das companhias
milhares de folhas de registros dos empregados que estiveram presentes em
greves ou manifestações, com todos os seus dados pessoais, o que poderia levar
hoje a processos civis desses funcionários (dos que ainda estão vivos ou de
seus familiares) contra as empresas. Não se sabe, porém, se esses dados serviam
para evitar futuras contratações por outras empresas ou simplesmente para
coleta. Segundo os especialistas, é bastante provável que tenham que ressarcir
os afetados
Beatriz Borges
Mais de 80 empresas estão envolvidas em espionagem e delação de quase
300 funcionários, segundo levantamento feito pela Comissão Nacional da Verdade. O intuito era sufocar qualquer
movimento sindicalista que estivesse sendo gestado entre os
trabalhadores de grandes montadoras, como Volkswagen, Chrysler, Ford, General
Motors, Toyota, Scania, Rolls-Royce, Mercedes Benz, e também de outros setores,
como a Brastemp, a estatal Telesp, a Kodak, a Caterpillar, a Johnson &
Johnson, a Petrobras, a Embraer e a Monark – todas elas concentradas no ABCD
paulista e no Vale do Paraíba.
Entre os nomes mais conhecidos da lista de 297 pessoas, encontrada nos
documentos do Arquivo Público do Estado, estão o de Paulo Okamotto, que foi
diretor do Sebrae, o presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair
Meneguelli, e Vicente Paulo da Silva, que foi presidente da CUT. O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também
aparece nos registros, identificado como líder sindical pela Volkswagen em informação
divulgada na semana passada pela Reuters. No
registro do informante da Volks sobre Lula, dizia que os metalúrgicos estavam
insatisfeitos com "as medidas do governo em geral", e cita como
exemplo o Banco Nacional de Habitação (BNH) e um decreto impopular assinado
pelo general João Figueiredo que retirou os auxílios de alimentação e
transporte dos funcionários, bem como férias, 13º salário,
participação nos lucros e promoções.
(...)
Para continuar a leitura,
acesse http://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/08/politica/1410204895_124898.html
Beatriz Borges – 08.09.2014
IN El País Brasil.
Ao
menos 70 empresas colaboraram com a ditadura
Petrobras,
Ericson, Ford, Brastemp e Volkswagen, entre outras, podem ser responsabilizadas
por crimes de lesa-humanidade, diz a Comissão da Verdade.
Empresas brasileiras e estrangeiras colaboraram com os militares durante
a ditadura. Elas funcionavam como fonte de informações sobre sindicalistas e
trabalhadores suspeitos de comandarem greves e fazerem parte de organizações de
esquerda, comprovam documentos obtidos pelo Grupo de Trabalho “Ditadura e
repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical” da Comissão Nacional da
Verdade, apresentados nesta segunda-feira 8, em São Paulo. Além de mostrar
nomes e endereços de trabalhadores suspeitos de confabular contra o regime, os
documentos trazem os nomes do empresariado que monitorava seus funcionários a
fim de colaborar com o sistema de censura e repressão nos últimos anos da
ditadura civil militar no Brasil (1964-1985).
O documento "confidencial" de 18 de julho de 1983 do
Ministério da Aeronáutica mostra a ata de uma reunião do chamado CECOSE (Centro
Comunitário de Segurança) do Vale do Paraíba na qual as empresas Vibasa,
Petrobras, Ericson, Telesp, Engesa, Confab, Ford, Embrape e Volkswagen traziam
informações sobre demissões, greves e reuniões de sindicalistas no intervalo do
expediente. "ENGESA - existe uma Comissão do Sindicato da Categoria que
funciona no horário do almoço, visando à sindicalização daqueles que ainda não
são sócios do mesmo", diz o documento da Engenheiros Especializados S/A
(Engesa), empresa do ramo bélico fundada na década de 1960.
O mesmo arquivo fala sobre a reunião seguinte a ser realizada em 3 de
agosto de 1983 na Empresa Mecânica Pesada S/A, em Taubaté (SP) e mostra também
"lembretes" que a Volkswagen trazia aos pares sobre vendas de jornais
da imprensa alternativa nas portarias da fábrica e atividades do Partido dos
Trabalhadores (PT): "No dia 17JUN83 foram distribuídos na sede do
Sindicato dos Metalúrgicos de SBCampo/Diadema panfletos intitulado (sic)
'COMPANHEIROS TRABALHADORES'".
(...)
Para continuar a leitura,
acesse http://www.cartacapital.com.br/politica/ao-menos-70-empresas-colaboraram-com-a-ditadura-5660.html
Marsílea
Gombata – 08.09.2014
IN Carta Capital.