sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Folha padrão Veja: o DNA marrom da mídia brasileira


É inegável que a cobertura eleitoral do jornal Folha de S. Paulo nas eleições de 2014 foi francamente enviesada contra a candidata Dilma Rousseff e seu partido, o PT. O gráfico de valências contrárias para candidatos, abaixo, não deixa dúvidas.

João Feres Junior
Dilma foi campeã de chamadas e manchetes negativas por quase todo período de campanha, com exceção de um breve momento quando Marina a ultrapassou levemente, e da última semana do gráfico, 12 a 18 de outubro, penúltima da campanha, quando Aécio pela primeira vez superou Dilma em negativos. Mas o gráfico da última semana da campanha, a que estamos encerrando hoje, mostra uma volta aos padrões anteriores, como podemos ver abaixo:


Dilma recebeu 8 chamadas ou manchetes negativas enquanto Aécio ficou com somente 3.
Como já mostrei em outros textos, esse padrão de viés da Folha fica bem aquém daquele mostrado por seus congêneres, os jornais Estado de S. Paulo e O Globo. Só para ficarmos na cobertura da última semana, o Estadão publicou 32 matérias contrárias a Dilma frente a 8 contrárias a Aécio, somente em suas capas, e O Globo atingiu a marca de 27 a 4, para os respectivos candidatos. Mesmo que possamos argumentar que a proporção de negativos de Dilma em relação a Aécio não é tão diferente assim na Folha, quase 3 (8/3) e no Estado, 4 (32/8), o nível de politização da cobertura é bem desigual. O Globo e o Estadão publicam uma avalanche de notícias negativas, enquanto a Folha é mais parcimoniosa.
Mas no sábado, véspera da eleição, o jornal paulista radicalizou bruscamente seu comportamento. A manchete lê-se em letras garrafais, acima de uma fotografia enorme que traz Aécio e Dilma apertando as mãos no debate, “Doleiro acusa Lula e Dilma, que fala em terror eleitoral”, com o subtítulo “Ambos sabiam de desvios na Petrobras, diz delator; para Aécio, caso é ‘extremamente grave’”. A Folha dá eco ao “escândalo” noticiado pela revista Veja, que essa semana adiantou em dois dias seu lançamento com claro intuito de produzir impacto eleitoral. A Folha diz ter confirmado o vazamento da informação de que o doleiro tenha citado Lula e Dilma em seu depoimento, ainda que o depoimento seja sigiloso e o próprio advogado do doleiro negue o fato.
Logo abaixo da manchete vem a chamada “Corrupção e ataques mútuos dão o tom do último debate”. O texto que segue a chamada começa “As acusações de desvios da Petrobrás voltaram à tona…”, e inclui uma citação direta de Aécio Neves dizendo que Dilma patrocinou “a mais sórdida das campanhas”. Logo abaixo, outra chamada parece confirmar a acusação que Aécio faz: “Candidatos usam só 12% do tempo na TV para propostas”.
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João Feres Junior – Cientista Político coordenador do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP), que produz o Manchetômetro – 28.10.2014

IN Manchetômetro e Observatório da Imprensa.