sábado, 29 de novembro de 2014

O Congresso e as eleições legislativas de 2014: bancadas partidárias


Em termos gerais, na Câmara dos Deputados, o destaque vai para o incremento da participação dos partidos pequenos, acarretando elevação da fragmentação partidária parlamentar, e para a pequena diminuição das siglas que compõem a coalizão de governo, menor na comparação com a bancada atual, mas em tamanho muito similar aos resultados de 2010. No Senado, o principal resultado foi um crescimento residual da atual base do governo (não pelo PT, mas por um apoiador distante) e uma pequena troca no campo da oposição. Ao contrário das últimas eleições, desta vez a coalizão sob liderança petista alcança melhor desempenho numérico e proporcional junto ao Senado Federal, que, mesmo assim, deve servir de espaço importante para a oposição. No agregado, estas eleições parecem indicar que o grupo atualmente na oposição estancou a tendência de queda revelada nos pleitos anteriores, ressalvado a declínio continuado do DEM na Câmara dos Deputados.

Fabiano Santos, Júlio Canello, Brenda Cunha
1.      Apresentação
Este boletim fornece uma análise inicial dos resultados das eleições legislativas de 2014 para a Câmara dos Deputados e Senado Federal, discutindo a composição das forças partidárias nas legislaturas que se iniciam em 2015. Embora ainda existam candidaturas esperando decisão final da Justiça Eleitoral1, o que poderá alterar, na margem, a composição do legislativo federal, as bancadas partidárias já mostram o tamanho de sua expressão para o próximo período. Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSDB) avançaram na disputa à Presidência em segundo turno, sagrando-se vitoriosa a candidata petista, no pleito mais acirrado da história da República. Para além dos acordos e alianças que envolveram a disputa eleitoral, Dilma Roussef tem mais uma vez o desafio político usual do presidencialismo brasileiro: como criar e gerenciar coalizões de governo capazes de implantar um programa coerente diante de um Congresso fragmentado e heterogêneo? Sem apresentar respostas, nosso esforço é contribuir para o debate contínuo e importante desta questão. Neste primeiro documento, examinamos a evolução das bancadas partidárias a partir do número de cadeiras obtidas do Legislativo.

2.     Os resultados de 05 de Outubro e o novo Congresso
Uma das peças fundamentais para a governabilidade no próximo período é o ambiente político que a Presidente encontrará no Congresso Nacional. Quais apoios serão possíveis? Onde enfrentará resistência? Relativamente a quais políticas? Embora tais questões não sejam fáceis, é possível projetar cenários futuros com base na composição eleita da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, comparativamente às últimas legislaturas.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://necon.iesp.uerj.br/images/pdf/boletim.pdf






Fabiano Santos – Professor do IESP-UERJ e Coordenador do NECON;
Júlio Canello – Doutorando em Ciência Politica (IESP-UERJ) e pesquisador do NECON;
Brenda Cunha – Mestranda em Ciência Política (IESP-UERJ) e pesquisadora do NECON – 2014
IN Núcleo de Estudos Sobre o Congresso – NECON.




O Congresso e as eleições legislativas de 2014: perfil ideológico

Apesar da discussão sobre o perfil e mudança qualitativa da direita no parlamento, se consideramos a distribuição ideológica em termos partidários, não há alterações drásticas. No curto prazo, enquanto a esquerda sai menor na Câmara dos Deputados, a divisão do Senado permanece estável e mais equitativa. No longo prazo, a direita indica que sua trajetória de queda pode ter chegado ao fim. Em termos gerais, o Congresso permanece ideologicamente dividido, com um centro importante e pivotal, mas heterogêneo em suas preferências e práticas. É neste centro, seduzido pelos polos, que reside o mediano e onde serão definidas as possibilidade de avanços e encaminhamentos da agenda política.

Fabiano Santos, Júlio Canello, Brenda Cunha
Para além do tamanho das bancadas partidárias, uma segunda dimensão importante do Congresso Nacional é sua composição em termos de perfil ideológico. Neste boletim, avaliamos a distribuição das forças políticas sob tal aspecto, comparando, especificamente, as bancadas atual e eleita para Câmara dos Deputados e Senado Federal. Nosso foco é descritivo e voltado ao debate conjuntural, instrumentalizando a projeção de distintos cenários de governabilidade. Definido tal escopo, este documento não enfrenta a controvérsia teórico-conceitual relativa ao conteúdo dos distintos campos ideológicos, nem aprofunda a questão metodológica sobre a forma de mensuração de preferências políticas e sua multidimensionalidade. Com a simplificação usual do espectro em três grupos - esquerda, centro e direita -, classificando os partidos nesses termos, podemos avaliar, ainda que de forma imprecisa, a posição do mediano do Congresso e sua trajetória ao longo do tempo.
Com os resultados apurados, boa parte da mídia não tardou em destacar um avanço conservador no Legislativo federal eleito para 2015. Nessa linha, os primeiros levantamentos feitos pelo DIAP indicam um aumento na bancada evangélica (passando de 78 para 82 deputados) e uma queda na bancada sindical (de atuais 83 para 46 representantes). No mesmo sentido, parlamentares ruralistas também passam a ter maior presença, conforme estimativas da Frente Parlamentar da Agropecuária. Enfatizando a expressiva votação de candidatos à direita, como Jair Bolsonaro (PP-RJ), Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Celso Russomano (PRB-SP) e Coronel Alberto Fraga (DEM-DF), combinada à saída de parlamentares de centro-esquerda que atuavam como articuladores e à diminuição do PT, sobretudo paulista, chegou a ser noticiado que o Congresso eleito é o mais conservador desde 1964. Essa leitura decorre, principalmente, do perfil discursivo dessas candidaturas e de seu posicionamento à direita no campo comportamental, sem correspondência necessária no conservadorismo econômico.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://necon.iesp.uerj.br/images/pdf/boletim_ideol.pdf








Fabiano Santos – Professor do IESP-UERJ e Coordenador do NECON;
Júlio Canello – Doutorando em Ciência Politica (IESP-UERJ) e pesquisador do NECON;
Brenda Cunha – Mestranda em Ciência Política (IESP-UERJ) e pesquisadora do NECON – 2014.
IN Núcleo de Estudos Sobre o Congresso – NECON.