O Instituto Trata Brasil e
o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
concluíram recentemente o estudo "Benefícios Econômicos da Expansão do
Saneamento Brasileiro", no qual comparam os dados reais extraídos dos
órgãos oficiais brasileiros em diversas áreas com um cenário hipotético (e
almejado) de um Brasil com déficit zero de saneamento básico. (...) Trabalhadores
sem acesso ao saneamento ganham em média ao longo da carreira 10% menos do que
os colegas da mesma faixa hierárquica, reflexo de uma formação escolar mais
frágil, no passado, e de problemas de saúde no presente. Com a universalização
do serviço de água e esgoto, haveria uma elevação de 6,1% na massa de salários
do país (hoje em torno de R$ 1,7 trilhão), possibilitando um crescimento da
folha de pagamentos de R$ 105,5 bilhões por ano.
Marina
Grossi e Édison Carlos
O cenário do saneamento básico - oferta de água
limpa com coleta e tratamento de esgoto - no Brasil é de uma discrepância
inaceitável. Sétima maior economia do planeta, o país ocupa a 112ª posição num
ranking entre 200 nações avaliadas no Índice de Desenvolvimento do Saneamento.
Na aferição mais recente, de 2011, esse indicador, que vai de zero a um, sendo
um a situação ideal, nos pontuou com 0,581, desempenho que nos deixa distantes
da média desejável de países da América do Norte e da Europa e abaixo de
algumas nações do Norte da África, do Oriente Médio e de vizinhos da América
Latina.
O indicador, que leva em consideração a cobertura
por saneamento atual e sua evolução recente, reflete impactos negativos em
áreas vitais para qualquer sociedade - saúde, educação, produtividade, geração
de renda, qualidade ambiental e até no índice de felicidade das Nações Unidas.
Em resumo, o saneamento interfere de forma direta e concreta nas três
principais dimensões da sustentabilidade - econômica, social e ambiental.
Nosso passivo na área de saneamento é histórico. Há
50 anos, apenas uma em cada três moradias estava ligada à rede de coleta de
esgoto ou à rede pluvial. Em relação ao destino do esgoto coletado, a situação
era ainda mais dramática: apenas 5% dos efluentes líquidos recebiam algum tipo
de tratamento. O restante era despejado diretamente no meio ambiente. Evoluímos
de lá para cá, mas em ritmo lento, quando comparamos com a expansão econômica
do país, o salto no número de habitantes e a excessiva concentração demográfica
nos perímetros urbanos. Hoje, 55% das moradias estão cobertas com rede
coletora, mas apenas 37,5% do esgoto é tratado. Também não conseguimos ainda
universalizar a rede de água: 17,6% dos brasileiros não contam com esse
serviço.
(...)
Para continuar a leitura, acesse: http://www.valor.com.br/opiniao/3532068/impacto-da-universalizacao-do-saneamento-basico#ixzz30N8Q08jd
Marina Grossi - Presidente
do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável); Édison Carlos – Presidente do Instituto
Trata Brasil – 30.04.2014
IN Valor Econômico.