quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

As imagens estereotipadas de PT e PSDB


PT e PSDB são e não são o que cada um pinta do outro. Domingo (26.10.2014), cada eleitor tem um e apenas um voto. A operação a que eleitores são forçados não é simples ou pequena. Em tese, deveríamos ser capazes de escrever duas longas equações, uma para o PT e outra para o PSDB, em que incluiríamos todas as variáveis que consideramos relevantes, cada uma delas com seu peso relativo. (...) A simplificação é necessária. De outra forma, não teríamos como decidir em quem votar. A simplificação só funciona se ela for capaz de sintetizar o que consideramos relevante, apontando para a essência do que está em jogo.

Fernando Limongi
Eleição é o assunto. Ninguém está indiferente. Estão todos atentos. Pesquisas são esperadas ansiosamente. Cada um lê e interpreta os números à sua maneira. Oscilações nas intenções de voto deste ou daquele estrato alimentam especulações e expectativas. Não há quem não tenha sua teoria ou explicação sobre as estratégias que seu candidato deveria seguir e, obviamente, caso seus conselhos fossem seguidos, abrir vantagem e vencer. A polarização é clara e evidente. Não são poucos os amigos que, para preservar a amizade, deixaram de conversar sobre política.
As pesquisas eleitorais confirmam que a eleição presidencial vem despertando um interesse crescente. Na série histórica publicada pelo Datafolha, desde 1994, nunca tantos declararam alto interesse e tão poucos desinteresse pelas eleições presidenciais. Metade dos eleitores segue atentamente a eleição e somente 13% dizem não ter qualquer interesse no pleito. Na eleição passada eram mais de 20% os que não estavam nem aí para a eleição. A mobilização é intensa. São Paulo assistiu ao inusitado: o PSDB pôs gente na rua.
Com tanto em jogo, com tantos participando e com tamanha incerteza, não é de se estranhar que o tom e a temperatura da campanha tenham subido. Os candidatos partiram para o ataque e, como dizem os analistas, o nível da campanha caiu. Em lugar de propostas, diz-se, eleitores teriam passado a ouvir insultos, ataques pessoais e insinuações.
(...)






Fernando Limongi – Professor de ciências políticas na Universidade de São Paulo e pesquisador do Cebrap – 24.10.2014
IN Valor Econômico, versão impressa.