Graziano – “O
mundo passa hoje por uma reação ao movimento de comoditização que se seguiu à
globalização. No setor de alimentos, a globalização financeira restringiu o
número de produtos [cultivados e comercializados]. Quatro commodities respondem
por 80% do consumo mundial de alimentos hoje: milho, trigo, soja, arroz. Inclua
a batata e esse percentual vai a 90%. Ou seja, é uma concentração brutal.
Produtos com importância regional foram abandonados. É o caso das leguminosas.
Veja o feijão brasileiro, um produto altamente proteico, mas sem mercado
internacional. Quando falta feijão no Brasil é uma dificuldade imensa achar
onde comprar.”
Luciano Máximo
O título de principal formulador do programa Fome
Zero e o apoio maciço dos governos brasileiro, africanos e latino-americanos
deram ao agrônomo José Graziano da Silva, de 64 anos, a incumbência de conduzir
os esforços globais para reverter um cenário sombrio onde ainda hoje cerca de
840 milhões de pessoas em todo o planeta aparecem sem as devidas condições de
se alimentar ao menos três vezes por dia.
Alçado a diretor-geral da Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em janeiro de 2012, Graziano chega
ao terceiro ano de mandato apostando na difusão de políticas públicas de
segurança alimentar adotadas no Brasil para vencer a fome no mundo.
Em um dos intervalos da 3ª Conferência Regional da
FAO para América Latina e Caribe, que aconteceu no começo deste mês na capital
chilena, Graziano disse ao Valor que a FAO não se priva de
usar o "temperinho brasileiro" da merenda escolar fornecida por
pequenos produtores, do programa de compras públicas de alimentos de
agricultores familiares e da formação de empresas estatais de abastecimento
(nos moldes da Conab).
Cada vez mais o organismo multilateral liderado
pelo ex-ministro extraordinário de Combate à Fome do governo Lula estimula
governos em todo o mundo a lançar mão dessas políticas para combater a fome.
Sob a gestão de Graziano, pelo menos oito países da América Latina e do Caribe
adotaram uma dessas três experiências. A seguir, os principais trechos da
entrevista:
(...)
Para ler mais, acesse: http://www.valor.com.br/brasil/3559002/na-fao-graziano-aposta-em-politicas-adotadas-no-brasil#ixzz32eQAU2C9g
Luciano Máximo – 23.05.2014
IN
Valor Econômico.