sábado, 27 de dezembro de 2014

Na FAO, Graziano aposta em políticas adotadas no Brasil


Graziano – “O mundo passa hoje por uma reação ao movimento de comoditização que se seguiu à globalização. No setor de alimentos, a globalização financeira restringiu o número de produtos [cultivados e comercializados]. Quatro commodities respondem por 80% do consumo mundial de alimentos hoje: milho, trigo, soja, arroz. Inclua a batata e esse percentual vai a 90%. Ou seja, é uma concentração brutal. Produtos com importância regional foram abandonados. É o caso das leguminosas. Veja o feijão brasileiro, um produto altamente proteico, mas sem mercado internacional. Quando falta feijão no Brasil é uma dificuldade imensa achar onde comprar.”

Luciano Máximo
O título de principal formulador do programa Fome Zero e o apoio maciço dos governos brasileiro, africanos e latino-americanos deram ao agrônomo José Graziano da Silva, de 64 anos, a incumbência de conduzir os esforços globais para reverter um cenário sombrio onde ainda hoje cerca de 840 milhões de pessoas em todo o planeta aparecem sem as devidas condições de se alimentar ao menos três vezes por dia.
Alçado a diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em janeiro de 2012, Graziano chega ao terceiro ano de mandato apostando na difusão de políticas públicas de segurança alimentar adotadas no Brasil para vencer a fome no mundo.
Em um dos intervalos da 3ª Conferência Regional da FAO para América Latina e Caribe, que aconteceu no começo deste mês na capital chilena, Graziano disse ao Valor que a FAO não se priva de usar o "temperinho brasileiro" da merenda escolar fornecida por pequenos produtores, do programa de compras públicas de alimentos de agricultores familiares e da formação de empresas estatais de abastecimento (nos moldes da Conab).
Cada vez mais o organismo multilateral liderado pelo ex-ministro extraordinário de Combate à Fome do governo Lula estimula governos em todo o mundo a lançar mão dessas políticas para combater a fome. Sob a gestão de Graziano, pelo menos oito países da América Latina e do Caribe adotaram uma dessas três experiências. A seguir, os principais trechos da entrevista:
(...)



Luciano Máximo – 23.05.2014
IN Valor Econômico.