As
questões não se esgotam no aspecto conjuntural. As soluções sustentáveis na
segurança pública também esbarram em problemas estruturais bastante sérios.
Cláudio Beato
As semanas passadas nos trouxeram à memória cenas com as quais não
estávamos mais habituados. O poder público atônito e a sociedade
amedrontada assistiram a conflitos entre facções criminosas
transbordando nos bairros de classe média e alta do Rio de Janeiro, numa
ilustração do que é o cotidiano de muitas comunidades
pobres da cidade.
O surto de violência serviu para nos lembrar de que a crise política e
econômica tem diversas faces sociais —e que estas, embora também sejam
dramáticas, infelizmente não recebem a mesma atenção. A pauta monotemática dos
últimos anos só tem sido quebrada quando somos surpreendidos por presídios
rebelados, chacinas, ações do crime organizado, embates nas fronteiras etc.
A população brasileira convive com o medo
permanente, e os eventos recentes no Rio resumem nossos dilemas.
A capital fluminense, segundo dados do ISP - Instituto de Segurança
Pública, conheceu redução gradativa e notável na sua taxa de homicídios: do
pico de 1994, quando se contavam 74 assassinatos para cada grupo de 100 mil
habitantes, passou-se a 18,5/100 mil em 2015. No ano seguinte, contudo, o
índice avançou para 20,5 e continua em ritmo crescente em 2017.
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Cláudio Beato – Sociólogo – 15.10.2017.
In Folha de S. Paulo, Ilustríssima.