quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A constituição de 2015



Durante a breve vigência da Constituição de 2015, o Supremo conseguiu derrubar corruptos importantes porque, na luta para derrubar Dilma Rousseff, nenhum dos analistas que hoje se preocupam com equilíbrio institucional dava a mínima para isso. Os empresários, que hoje só querem estabilidade, inflavam patos e os ânimos. Os partidos de direita que bradavam contra Delcídio hoje são o governo e têm como prioridade se livrar da cadeia, nem que para isso tenham que livrar também os petistas que derrubaram.


Celso Rocha de Barros
O Supremo Tribunal Federal não conseguiu explicar à opinião pública por que Aécio não foi preso como foi Delcídio do Amaral. Tampouco conseguiu explicar por que suas decisões contra Aécio terão que ser referendadas pelo Senado, rota de fuga que foi fechada para Eduardo Cunha.
Se as decisões sobre o candidato da direita na última eleição presidencial estiverem corretas, as decisões sobre Delcídio e Cunha estavam erradas. Se as decisões sobre Delcídio e Cunha estavam certas, Aécio deveria estar preso.
Não sou constitucionalista, não tenho a pretensão de saber qual é o caso. Mas é evidente que, se todas essa decisões foram constitucionais, o Brasil teve outra Constituição durante a guerra para derrubar Dilma Rousseff.
 Não se trata, apenas, de um político corrupto escapando da Justiça. O caso de Aécio é representativo de uma tendência muito mais grave: desde que o PT caiu, a maré anti-corrupção virou.
(...)




Celso Rocha de Barros – 16.10.2017.
In Folha de S. Paulo.