quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Aécio, Bolsonaro, Feliciano: é este o legado de junho?


Uma parte importante da voz que saiu das urnas domingo expressa um moralismo reacionário e uma reação conservadora sem precedentes em décadas.

Katarina Peixoto
Há dois pontos de partida para entender a decisão deste primeiro turno nacional, encerrado ontem. O primeiro é junho de 2013 e o segundo, o Congresso Nacional eleito. Toda captura de flutuações e acidentes eleitorais não pode deixar de ser sobrepujada pelo fato de que a decisão de domingo (5) contém o moralismo reacionário e uma reação conservadora sem precedentes, pela via eleitora, em décadas. O Rio, para ficar num exemplo, escolheu Bolsonaro como o grande votado para a Câmara dos Deputados. O que o torna o grande votado é o seu caráter moralizador: supostamente, ele está fora dessa “sujeira toda”. Em São Paulo, a versão moralizadora é evangélica, mesmo, sem intermediações classistas no armário: Marcos Feliciano e Russomano. Evangélicos e televisão, além do palhaço Tiririca, que não é pior que nenhum deles, embora tenha sido eleito pelo eleitor que “quer dar o troco”. O troco a que? “A essa sujeira toda”.
A resposta veio com um Congresso mais à direita: mais conservador e mais evangélico. Não há novidade histórica nisso. A todos os movimentos desestabilizadores mobilizados com ajuda de redes sociais, dos últimos anos, no mundo, seguiram-se realç~eos autoritárias, conservadoras e regressistas socialmente. O que se passe é que a resposta à demanda moral é e sempre foi esta: o abrigo seguro da zona de conforto perceptiva representado pela estabilidade prometida pela direita. Esse truque moralista da direita tornou-se possível, agora, com a legitimação que as grandes manifestações de junho lhe propiciaram. Poderia ser apenas uma piada ter Aécio Neves reivindicando o “legado” de junho. O problema é a legitimidade com que ele faz isso: trata-se de tomar para si a reclamação contra “essa sujeira toda”.
(...)
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Katarina Peixoto – 06.10.2014
IN Carta Maior.




Brasil elege Congresso mais conservador desde 1964

Apesar das manifestações por renovação política e avanço nos direitos sociais, Congresso em 2015 será um dos mais conservadores de todos os tempos. Cresce o número de militares, religiosos e ruralistas eleitos.

Agência Estado
O ex-militar Jair Bolsonaro, o pastor evangélico Marco Feliciano e o ruralista Luiz Carlos Heinze foram eleitos com votações expressivas (Imagem: Pragmatismo Político)
Apesar das manifestações de junho de 2013 — carregadas com o simbolismo de um movimento popular por renovação política e avanço nos direitos sociais —, o resultado das urnas revelou uma guinada em outra direção. Parlamentares conservadores se consolidaram como maioria na eleição da Câmara, de acordo com levantamento do Diap, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
O aumento de militares, religiosos, ruralistas e outros segmentos mais identificados com o conservadorismo refletem, segundo o diretor do Diap, Antônio Augusto Queiroz, esse novo status. “O novo Congresso é, seguramente, o mais conservador do período pós-1964. As pessoas não sabem o que fazem as instituições e se você não tem esse domínio, é trágico”, afirma.
Ele acredita que a tensão criada pelo debate de pautas como a legalização do casamento gay e a descriminalização do aborto deve se acirrar no Congresso, agora com menos influência de mediadores tradicionais, que não conseguiram se reeleger. “No caso da Câmara, muitos dos parlamentares que cuidavam da articulação [para evitar tensões] não estarão na próxima legislatura. Algo como 40% da ‘elite’ do Congresso não estará na próxima legislatura, seja porque não conseguiu se reeleger ou disputou outros cargos. Houve uma guinada muito grande na direção do conservadorismo”, diz.
O levantamento do Diap mostra que o número de deputados ligados a causas sociais caiu, drasticamente, embora os números totais ainda estejam sendo calculados.
(...)








Agência Estado – 06.10.2014
IN Agência Estado.