sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Nada como uma eleição após a outra

 

Limongi – “Se comparamos o período de 1930 a 1964 com o atual, vemos que a matriz de gasto social mudou completamente”.

Diego Viana
Examinado sempre do ponto de vista dos motivos que o levaram ao colapso, o período democrático de 1946 a 1964 se tornou pouco conhecido, segundo o cientista político Fernando Limongi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Encarada da perspectiva do funcionamento de uma democracia, segundo Limongi, a que se estabeleceu após a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945, aparece como bem fundada e bem-sucedida.
Responsável pelas primeiras eleições realmente democráticas no Brasil, o sistema político do período 1946-1964 sofreu com numerosas tentativas de golpe e desapareceu com a instauração da ditadura. Apesar disso, as semelhanças daquele sistema com a atual democracia, considerada muito mais estável, são tão reveladoras quanto as diferenças. Baseados em representação proporcional e presidencialismo de coalizão, ambos os sistemas permitem que os projetos do Executivo sejam aprovados sem dificuldades. Tanto há 50 anos quanto agora, era quase impossível um partido governar sozinho.
O cientista político - que nesta semana participou de um seminário sobre os 50 anos do golpe, organizado pelo Cebrap e pelo Sesc - chama a atenção para as arenas da disputa democrática que se dão além das eleições e das negociações entre os Poderes Legislativo e Executivo. A democracia, afirma Limongi, possui ambiguidades com as quais os atores políticos têm de contar e jogar: não está determinado quanto é legítimo pressionar governos por fora da via parlamentar. Geopolítica, movimentos sociais e lobbies poderosos estão sempre em ação, mas só representam um risco para o sistema representativo quando algum ator puxa demais a corda. Isso aconteceu, no Brasil, em 1964.
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Para ler a entrevista, acessar:





Diego Viana – 14.03.2014
Fernando Limongi – Professor de Ciência Política e pesquisador do CEBRAP 
IN Valor Econômico.