Limongi – “Se comparamos o
período de 1930 a 1964 com o atual, vemos que a matriz de gasto social mudou
completamente”.
Diego Viana
Examinado
sempre do ponto de vista dos motivos que o levaram ao colapso, o período
democrático de 1946 a 1964 se tornou pouco conhecido, segundo o cientista
político Fernando Limongi, professor da Universidade de São Paulo (USP) e
pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Encarada
da perspectiva do funcionamento de uma democracia, segundo Limongi, a que se
estabeleceu após a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945, aparece
como bem fundada e bem-sucedida.
Responsável
pelas primeiras eleições realmente democráticas no Brasil, o sistema político
do período 1946-1964 sofreu com numerosas tentativas de golpe e desapareceu com
a instauração da ditadura. Apesar disso, as semelhanças daquele sistema com a
atual democracia, considerada muito mais estável, são tão reveladoras quanto as
diferenças. Baseados em representação proporcional e presidencialismo de
coalizão, ambos os sistemas permitem que os projetos do Executivo sejam
aprovados sem dificuldades. Tanto há 50 anos quanto agora, era quase impossível
um partido governar sozinho.
O cientista
político - que nesta semana participou de um seminário sobre os 50 anos do
golpe, organizado pelo Cebrap e pelo Sesc - chama a atenção para as arenas da
disputa democrática que se dão além das eleições e das negociações entre os
Poderes Legislativo e Executivo. A democracia, afirma Limongi, possui
ambiguidades com as quais os atores políticos têm de contar e jogar: não está
determinado quanto é legítimo pressionar governos por fora da via parlamentar.
Geopolítica, movimentos sociais e lobbies poderosos estão sempre em ação, mas
só representam um risco para o sistema representativo quando algum ator puxa
demais a corda. Isso aconteceu, no Brasil, em 1964.
(...)
Para ler a entrevista, acessar:
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Diego Viana – 14.03.2014
Fernando Limongi – Professor de Ciência
Política e pesquisador do CEBRAP
IN Valor Econômico.