domingo, 19 de outubro de 2014

Porque votar em Dilma


Aécio propõe seguir o figurino que os países ricos do Atlântico Norte nos recomendam, porém nunca seguiram. Nenhum grande país se construiu seguindo cartilha semelhante. (...) Dilma terá, para honrar sua mensagem e cumprir sua tarefa, de renovar sua equipe e sua prática, rompendo a camisa de força do presidencialismo de coalizão. E o Brasil terá de aprender a reorganizar instituições em vez de apenas redirecionar dinheiro.

Roberto Mangabeira Unger
O povo brasileiro escolherá em 26 de outubro entre dois caminhos.
As duas candidaturas compartilham três compromissos fundamentais, além do compromisso maior com a democracia: estabilidade macroeconômica, inclusão social e combate à corrupção. Diferem na maneira de entender os fins e os meios. Diz-se que a candidatura de Aécio privilegia estabilidade macroeconômica sobre inclusão social e que a candidatura Dilma faz o inverso. Esta leitura trivializa a diferença.
Duas circunstâncias definem o quadro em que se dá o embate. A primeira circunstância é o esgotamento do modelo de crescimento econômico no país. Este modelo está baseado em dois pilares: a ampliação de acesso aos bens de consumo em massa e a produção e exportação de bens agropecuários e minerais, pouco transformados. Os dois pilares estão ligados: a popularização do consumo foi facilitada pela apreciação cambial, por sua vez, possibilitada pela alta no preço daqueles bens. Tomo por dado que o Brasil não pode avançar deste jeito.
A segunda circunstância é a exigência, por milhões que alcançaram padrões mais altos de consumo, de serviços públicos necessários a uma vida decente e fecunda. Quantidade não basta, exige-se qualidade.

As duas circunstâncias estão ligadas reciprocamente. Sem crescimento econômico, fica difícil prover serviços públicos de qualidade. Sem capacitar as pessoas, por meio do acesso aos bens públicos, fica difícil organizar novo padrão de crescimento.

O país precisa escolher entre duas maneiras de reagir.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/10/1530909-roberto-mangabeira-unger-por-que-votar-em-dilma.shtml






Roberto Mangabeira Unger – Professor na Universidade Harvard (EUA) – 13.10.2014
IN Folha de São Paulo.




Voto contra o retrocesso

Voto em Dilma Roussef porque tenho vergonha da desigualdade social. (...) Depois das gestões Lula e Dilma, a vulnerabilidade dos mais pobres diminuiu em função da expansão de seus direitos. Voto pela continuação do Bolsa Família, do programa Luz para Todos, do Minha Casa, Minha Vida, maior programa de habitação popular já criado no Brasil Voto também por uma política econômica que, em tempo de crise do capitalismo internacional, preservou o valor dos salários e o pleno emprego. Os governos de Lula e Dilma impulsionaram o acesso de jovens às universidades no país e no exterior. Proporcionaram atendimento médico gratuito em cidades afastadas dos grandes centros.

Maria Rita Kehl
A presidenta Dilma Roussef criou a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Em maio de 2012, a primeira presidenta do Brasil, ex-presa política torturada, conseguiu aprovar no Congresso a criação da CNV. Entre os países latino-americanos que sofreram ditaduras, fomos o último a criar uma comissão da verdade.
 Antes tarde do que nunca. Ainda que os militares remanecentes do estado de exceção não cooperem com nossas investigações. Ainda que adeptos da linha dura hoje na reserva recusem “colaborar com o inimigo (todos nós) – e não revelem o paradeiro dos cerca de 150 desaparecidos políticos (sem contar indígenas e camponeses).
Ainda assim, o trabalho da CNV representa um avanço efetivo na consolidação da democracia.
Avanço que exige, ainda, a erradicação da continuada p´ratica de violência de agentes do Estado contra cidadãos detidos. A presidenta criou o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à tortura, que começará a atuar para coibir os maus tratos a pessoas detidas em presídios, delegacias e hospitais psiquiátricos.
Nosso atraso em termos de direitos humanos, além de envergonhar o país, multiplica a insegurança na sociedade inteira. Já se comprovou que a violência da criminalidade no Brasil é diretamente proporcional à violência das PMs e de outros agentes de segurança contra os cidadãos.
(...)







Maria Rita Kehl – Psicanalista, membro da Comissão Nacional da Verdade – 16.10.2014
IN Folha de São Paulo.