Aécio propõe seguir o figurino que os países ricos do
Atlântico Norte nos recomendam, porém nunca seguiram. Nenhum grande país se
construiu seguindo cartilha semelhante. (...) Dilma terá, para honrar sua
mensagem e cumprir sua tarefa, de renovar sua equipe e sua prática, rompendo a
camisa de força do presidencialismo de coalizão. E o Brasil terá de aprender a
reorganizar instituições em vez de apenas redirecionar dinheiro.
Roberto Mangabeira Unger
O povo brasileiro
escolherá em 26 de outubro entre dois caminhos.
As duas candidaturas
compartilham três compromissos fundamentais, além do compromisso maior com a
democracia: estabilidade macroeconômica, inclusão social e combate à corrupção.
Diferem na maneira de entender os fins e os meios. Diz-se que a candidatura de
Aécio privilegia estabilidade macroeconômica sobre inclusão social e que a
candidatura Dilma faz o inverso. Esta leitura trivializa a diferença.
Duas circunstâncias
definem o quadro em que se dá o embate. A primeira circunstância é o
esgotamento do modelo de crescimento econômico no país. Este modelo está
baseado em dois pilares: a ampliação de acesso aos bens de consumo em massa e a
produção e exportação de bens agropecuários e minerais, pouco transformados. Os
dois pilares estão ligados: a popularização do consumo foi facilitada pela
apreciação cambial, por sua vez, possibilitada pela alta no preço daqueles
bens. Tomo por dado que o Brasil não pode avançar deste jeito.
A segunda circunstância
é a exigência, por milhões que alcançaram padrões mais altos de consumo, de
serviços públicos necessários a uma vida decente e fecunda. Quantidade não
basta, exige-se qualidade.
As duas circunstâncias estão ligadas reciprocamente. Sem crescimento econômico, fica difícil prover serviços públicos de qualidade. Sem capacitar as pessoas, por meio do acesso aos bens públicos, fica difícil organizar novo padrão de crescimento.
O país precisa escolher entre duas maneiras de reagir.
As duas circunstâncias estão ligadas reciprocamente. Sem crescimento econômico, fica difícil prover serviços públicos de qualidade. Sem capacitar as pessoas, por meio do acesso aos bens públicos, fica difícil organizar novo padrão de crescimento.
O país precisa escolher entre duas maneiras de reagir.
(...)
Para
continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/10/1530909-roberto-mangabeira-unger-por-que-votar-em-dilma.shtml
Roberto Mangabeira Unger – Professor na Universidade Harvard (EUA)
– 13.10.2014
IN Folha de São
Paulo.
Voto contra o
retrocesso
Voto em Dilma Roussef porque tenho vergonha da
desigualdade social. (...) Depois das gestões Lula e Dilma, a vulnerabilidade
dos mais pobres diminuiu em função da expansão de seus direitos. Voto pela
continuação do Bolsa Família, do programa Luz para Todos, do Minha Casa, Minha
Vida, maior programa de habitação popular já criado no Brasil Voto também por
uma política econômica que, em tempo de crise do capitalismo internacional,
preservou o valor dos salários e o pleno emprego. Os governos de Lula e Dilma
impulsionaram o acesso de jovens às universidades no país e no exterior.
Proporcionaram atendimento médico gratuito em cidades afastadas dos grandes
centros.
Maria Rita Kehl
A presidenta Dilma
Roussef criou a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Em maio de 2012, a primeira
presidenta do Brasil, ex-presa política torturada, conseguiu aprovar no
Congresso a criação da CNV. Entre os países latino-americanos que sofreram ditaduras,
fomos o último a criar uma comissão da verdade.
Antes tarde do que nunca. Ainda que os
militares remanecentes do estado de exceção não cooperem com nossas
investigações. Ainda que adeptos da linha dura hoje na reserva recusem “colaborar
com o inimigo (todos nós) – e não revelem o paradeiro dos cerca de 150
desaparecidos políticos (sem contar indígenas e camponeses).
Ainda assim, o trabalho
da CNV representa um avanço efetivo na consolidação da democracia.
Avanço que exige, ainda,
a erradicação da continuada p´ratica de violência de agentes do Estado contra
cidadãos detidos. A presidenta criou o Sistema Nacional de Prevenção e Combate
à tortura, que começará a atuar para coibir os maus tratos a pessoas detidas em
presídios, delegacias e hospitais psiquiátricos.
Nosso atraso em termos
de direitos humanos, além de envergonhar o país, multiplica a insegurança na
sociedade inteira. Já se comprovou que a violência da criminalidade no Brasil é
diretamente proporcional à violência das PMs e de outros agentes de segurança
contra os cidadãos.
(...)
Para continuar a leitura, acesse http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/10/1533108-maria-rita-kehl-voto-contra-o-retrocesso.shtml
Maria Rita
Kehl –
Psicanalista, membro da Comissão Nacional da Verdade – 16.10.2014
IN Folha de São
Paulo.